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Uma nova versão de uma velha história

Uma nova versão de uma velha história

Cheny Wa Gune representou Moçambique e marcou presença no Brasil em duas apresentações explosivas. O Quarteto, formado por Cheny Wa Gune (voz e Timbila), Nené (baixo), Zito (bateria), e Cabocha (percussão), defende um projecto inovador misturando a Timbila Chopi com jazz, groove e afro-beat.

Cheny Wa Gune voltou ao Brasil, dessa vez com a sua nova formação musical: “Cheny Wa Gune Quarteto” com o qual o músico se tem apresentado dentro e fora de Moçambique. Depois de uma exaustiva viagem (Maputo-Johanesburgo- São Paulo-Brasília), o grupo pisou solo brasileiro, a maioria dos elementos pela primeira vez. Vieram mostrar um pouco do talento e do swing moçambicano a um país que sempre povoou a imaginação do grupo. Foram convidados a participar no projecto Nossa Língua, Nossa Música organizado pelo Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília.

O encontro reuniu músicos de diferentes países de língua portuguesa e apresentou alguns dos frutos da miscigenação lusófona. Ainda sob efeito do fuso horário de menos cinco horas o grupo deu o primeiro concerto no dia 9 de Abril, em estado de êxtase. Antes do Quarteto, o tocador de viola Índio Cachoeira acompanhado de Ricardo Vignini (violas) e Marcelo Berzotti (baixolão), embalou o público com um repertório de música caipira – música tradicional tocada nas zonas rurais do Brasil. Os moçambicanos entraram depois para balançar as estruturas. A seriedade não resistiu ao som do baixo, da bateria, do xitenden, da m’bira, dos tambores e da Timbila. O grupo contagiou a plateia com as letras das músicas cantadas em chopi e português, com o ritmo electrizante da “ngalanga moderna”… Alvoroço na plateia Cheny tocou, cantou e ainda mostrou como é que se dança um bom batuque. Alvoroço na plateia!

Até o fim do espectáculo havia gente gritando: “Dança mais!”. Uma enfermeira, septuagenária, não resistiu e fez o que muitos tinham vontade: subiu ao palco e dançou empolgada a batucada moçambicana. O concerto no CCBB provou que na música não há fronteiras; têm Timbila com viola caipira. Essa foi apenas a entrada, o prato principal foi servido em Vitória, capital do Estado (Província) do Espírito Santo. O grupo foi convidados a abrir o show da banda Napalma, formada por dois percussionistas brasileiros Cid Travaglia, Rafeal Jabah e pelo vocalista moçambicano Ivo Maia, no Teatro do SESI (Serviço Social da Indústria). Já ambientado e até com certo “sotaque” brasileiro o Quarteto “Bombou!”

Tirou o público da cadeira e fez toda a gente dançar. Nesse dia nasceu o “sambachopi”, uma mistura irresistível de ingredientes culturais de Moçambique e do Brasil. Ivo Maia (Napalma) confessou publicamente: “Não será nada fácil fazer um show depois deles”. O show do Nalpalma também foi maravilhoso, “de suar a camisa”. A banda já viveu na cidade de Vitória e tem por ali um público fiel. Todos curtiram as fusões dançantes do grupo cosmopolita. No final, como não podia faltar, as bandas juntaram- se e os músicos fizeram uma grande JAM percussiva. Vibração total! Reconhecidos nas ruas O Quarteto Cheny Wa Gune marcou presença no Brasil. Vitória em Vitória!

E com poucos dias de permanência eles já eram reconhecidos nas ruas. Além dos espectáculos o grupo fez um workshop para jovens estudantes de percussão. Fizeram novos amigos, novos contactos, aprenderam palavras locais, provaram comida brasileira como a Moqueca (prato típico parecido com um caril de peixe) e um especial peixe assado com muito tomate. No restaurante Dom Camaleone (Vitória) os moçambicanos festejavam todos os dias, se divertiam e faziam piadas com os hábitos brasileiros. O bom humor cativou os empregados, os outros convidados e até a moça da mesa ao lado, uma linda jovem brasileira de saia curtíssima que trazia uma frase tatuada na coxa esquerda.

Os rapazes curiosos não puderam deixar de olhar. A bela ficou lisonjeada quando um dos integrantes do Quarteto gentilmente pediu para ver o que estava escrito. Era uma frase do Cazuza (cantor e poeta brasileiro), que dizia: “Uma nova versão de uma velha história”. A garota riu, todos no restaurante riram, o dito marcou. No Brasil ficaremos esperando a próxima versão dessa história. Felizes em saber que o Quarteto Cheny Wa Gune voltará em Maio para mais um concerto. Nem o Atlântico nos separa, pois como diz uma das músicas de Cheny: “a distância é grande, o desejo é maior”.

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