Vale a pena ser sustentável em casa? A resposta é afirmativa. Mas o que cada um pode fazer pelo planeta nem sempre é aquilo que os manuais recomendam. Em seguida veja o que cada um de nós pode fazer no quotidiano para reduzir o impacto sobre os recursos naturais do planeta.
Substituir sacos de plástico pelos de papelO saco de plástico é a actual vilã do ambientalismo. O plástico dos sacos demora quatro séculos para decompor-se na natureza, usa petróleo como matéria-prima e, se for atirado para os rios e mares, provoca a morte de animais que engolem o resíduo. Só que as vantagens da troca não são tão evidentes. A produção do papel emite 70% mais poluentes atmosféricos que a de plástico. A reciclagem do papel consome mais 98% de energia que a do plástico. A solução talvez não seja a troca, mas um descarte mais eficiente das embalagens plásticas.
Fazer xixi no banho
A campanha lançada pela SOS Mata Atlântica baseia-se numa conta simples: cada descarga do autoclismo utiliza 12 litros de água tratada. Como um adulto saudável urina, em média, quatro vezes ao dia, são 17520 litros de água por ano. O objectivo do xixi no banho é aproveitar a água que já está a ser usada e poupar uma descarga por dia. Evidentemente, há modos mais eficientes de economizar água. Adoptar bacias sanitárias com caixa acoplada que gaste só 6 litros por descarga, por exemplo. De qualquer forma, toda a iniciativa para economizar água tratada é bem-vinda.
Reciclar o lixo
Papel, vidro e plástico são recicláveis, com vantagens óbvias para a natureza. Economizam-se matéria-prima e energia e evita-se o acúmulo de detritos em aterros e lixeiras. O problema é como fazer isso. Apenas em Maputo existem, uns poucos, locais de colecta selectiva de lixo. O melhor a fazer é começar por separar o lixo produzido e depois encaminhar o material reciclável para instituições ou cooperativas de recicladores.
Abolir a carne da dieta
A rigor, não há motivo para colocar no mesmo prato a abstenção do consumo de carne (que é uma postura filosófica) e a adopção de hábitos sustentáveis – mas existe certa confusão popular entre as duas. É verdade que a pecuária responde por 17% das emissões de gases do efeito estufa e ocupa terras que teoricamente poderiam ser florestas – mas o mesmo se poderia dizer da agricultura. Ambos, a carne e os vegetais, são recursos renováveis domesticados pelo homem e fazem bem à saúde. “Alimentar-se só de vegetais pode causar doenças, como a anemia”, diz Solange Saavedra, do Conselho Regional de Nutricionistas de São Paulo.
Deixar de imprimir documentos
Economizar papel tem três objectivos. Primeiro, diminui a produção de lixo. Segundo, evita o derrube de árvores. Terceiro, reduz o consumo de água. Doze árvores são derrubadas para cada tonelada de papel virgem. São necessários 540 litros de água para fazer um quilo de papel. O Instituto Akatu, que promove o consumo consciente, calcula que uma empresa com 100 funcionários que use 50 000 folhas de papel por mês consome indirectamente 128 000 litros de água. “Só que ninguém tem de abolir de vez o papel, um item essencial para o homem”, diz Camila Melo, do Akatu. “O certo é usá-lo somente quando for necessário.”
Desligar o equipamento electrónico da tomada
Estima-se que, em média, 15% da conta de electricidade de uma residência se deva ao consumo de aparelhos em stand-by. Aí está uma providência simples que resulta em economia de energia (por outras palavras, reduz o uso de recursos naturais e a emissão de gases do efeito estufa) e alivia o peso da conta de luz. Um uso sustentável da electricidade pode incluir equipamentos de consumo eficiente, substituição das lâmpadas incandescentes por modelos económicos e a administração cuidadosa do período em que o ar condicionado permanece ligado.
Desligar o chuveiro enquanto se ensaboa
A quantidade depende da vazão de cada chuveiro, mas um bom duche pode gastar 30 litros de água por minuto. Basta multiplicar para ver como é simples economizar água e dinheiro.
Fazer compostagem
O processo para converter resíduos orgânicos, como alimentos e relva, em adubo é trabalhoso e demorado. Leva dois meses para estar completo. Em compensação, reduz o volume do lixo doméstico em 60%. O adubo pode ser aproveitado no jardim, na horta ou na quinta. Devido à complexidade da produção e do uso, a compostagem é restrita a uma minoria de residências, o que reduz o seu impacto positivo no ambiente.
Trocar o carro a gasolina por um eléctrico
O carro eléctrico não polui o ar e não utiliza combustíveis fósseis (excepto por tabela nos países cuja matriz energética é formada por carvão, petróleo ou gás natural). Bastante eficaz, aproveita 90% da energia gerada, diante de 17,5% do motor de combustão interna. De qualquer forma, a troca é uma decisão a ser tomada no futuro, visto que ainda não há venda carros eléctricos em Moçambique.
Parar de deitar óleo na pia
O óleo que é drenado na rede de esgotos ajuda a formar uma massa compacta de detritos que entope as tubulações e contribui para inundações. Quando contamina os reservatórios, o óleo torna mais caro e trabalhoso o tratamento da água para uso nos domicílios.