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Uma família de crianças sustentada por menores

Com apenas 14 anos de idade, a menina Amélia Sitoe é uma das crianças moçambicanas que, ainda em tenra idade, as vicissitudes da vida forçaram-na a cuidar dos seus irmãozinhos deixados a sorte de Deus depois da morte prematura de seus pais.

O drama de Amélia e seus irmãos não é dos meninos órfãos na sequência da morte dos pais por causa da SIDA, mas nem por isso deixa de ser penosa. O pai morreu há quatro anos por doença, enquanto a mãe perdeu a vida em Março passado vítima de acidente de viação.

Com a sua morte, o casal deixou quatro filhos, sendo a mais velha, de nome Rosângela, de apenas 22 anos, e o mais novo de nove. Rosângela encontra-se na capital do país, Maputo, que dista cerca de 100 quilómetros da Moamba, onde trabalha para auferir um mísero salário de mil meticais (cerca de 33 dólares americanos).

Assim, Amélia é a única “mulher” que fica em casa a cuidar do dia-a-dia da família, que além dela também inclui um rapaz de 18 anos de idade.

“As vezes temos o que comer, mas as vezes não temos”, disse Amélia, em conversa com jornalistas que acompanham a Primeira-Dama da República, Maria da Luz Guebuza, que se encontra a fazer uma visita de trabalho a província de Maputo de quatro dias iniciada na Segunda-feira.

“A nossa irmã (Rosângela costuma comprar alguma coisa, a nossa avô que vive em Namaacha também nos tem ajudado. Vivemos assim mesmo”, disse Amélia, com uma expressão de tristeza no seu rosto e uma voz trémula.

Na manhã de terça-feira, a Primeira-Dama da República deslocou-se ao distrito de Moamba onde foi-se inteirar da forma como algumas crianças órfãs vivem e manifestar a sua solidariedade.

“Não devemos parar de sonhar”, disse Maria da Luz dirigindo-se aos quatro meninos. “Vocês devem reconhecer a vossa situação, mas também devem ter uma forte determinação para avançar na vida”.

Na ocasião, Maria da Luz Guebuza orientou o seu elenco, bem como as estruturas distritais para prestar apoio àqueles menores, acompanhando a sua educação e formação.

Estranho é o facto de, apesar de residir nos arredores da vila, estas crianças não estão a beneficiar de nenhum apoio do Governo local. Um voluntário da Rádio Comunitária da Moamba disse a AIM que as autoridades locais têm estado “ausente” na prestação de apoio àqueles meninos órfãos.

“Nós temos um Centro de Acolhimento de Crianças aqui, mas parece que nenhuma das crianças ali atendidas é de Moamba. Aparentam ser crianças encontradas nos arredores, quando tentavam atravessar a fronteira para a vizinha África do Sul”, disse.

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