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‘@Verdade EDITORIAL: Um dia vamos enterrar o país…

É uma nova moda. Na esfera pública moçambicana virou costume debater as motivações de certas denúncias, sobretudo aquelas que mexem com a impoluta imagem de certos fulanos e/ou instituições. Desculpa-se rapidamente o roubo e a delapidação do erário se em causa estiver a imagem que temos de um fulano e/ou uma instituição.

Definitivamente, ao sentido de justiça, respeito pelos bens do Estado e honestidade intelectual opomos uma mentalidade bronca, estagnada, cautelosa e degradantemente militante da causa dos outros e de uma moral de plástico. Para nosso mal, este vírus nocivo ao país que pretendemos ser enraizou-se, reproduziu e veio, como se vê, para ficar. É uma presença transversal em qualquer espaço de debate ou de interpelação dos actos fiscalizadores das acções dos governantes.

Apesar de nada estar perdido, urge lançar um alerta para o estado de coisas. A democracia, esse filho bastardo que pretendemos ver crescer, não se compadece com essa indignação selectiva ou alarvismo militante cego. É importante que – apesar do amor ou ódio que nutrimos por esta ou aquela formação política – acima de tudo esteja o país. É igualmente necessário que a nossa contribuição tenha como fim último proteger e defender o território de qualquer espécie de facínora ou organização criminosa.

Nem Marcelino dos Santos, nem Mulémbwè, nem a Frelimo, nem os Verdes e muito menos o MDM devem lesar o Estado. Se nos levantamos para questionar e repudiar a apresentação de Nyusi em eventos estatais custeados pelos nossos impostos, devemos ter o mesmo espírito quando uma criança escreve curvada nos seus próprios joelhos no gélido chão de uma escola porque este ou aquele partido anda metido em tráfico de isenções aduaneiras. Perdemos todos como país e sociedade quando fazemos ouvidos de mercador ao roubo apenas porque o eventual “ladrão” é um nosso amigo de estimação. É aquilo que concebemos como alternativa ao poder. Isso é um crime.

Quando formos ao enterro do país os nossos filhos, já adultos, irão perguntar como é que Moçambique morreu e não saberemos o que lhes dizer. Aí, quando for tarde, não teremos suficiente coragem para dizer que aplaudimos o roubo desenfreado em nome de uma lei sem regulamento. Que nos recusamos a interpelar o “ladrão” e optamos por sacrificar a caneta que denunciou. Não saberemos dizer que na construção dessas barricadas, baseadas no “nós e os outros” esquecemos de ser cidadãos nacionais. Fomos, uns, viver num país chamado MDM e, outros, Frelimo.

Porém, alguém, no meio dos rostos inundados de lágrimas, com as bolas erguerá a voz e dirá: “Assassinos. Vós sois culpados desta morte. Já que tiveram coragem de matar lentamente este chão o melhor que podem fazer é comer a carne do moribundo”. Aí, como vós não tendes escrúpulos, farão um churrasco com as pútridas carnes de Moçambique para desgraça das gerações que vão nascer sem chão…

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