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Tunísia registra confrontos; governo passará por reforma

Tunísia registra confrontos; governo passará por reforma

O governo interino da Tunísia passará por uma reforma esta quarta-feira, disseram ministros após um confronto entre manifestantes que exigem o expurgo de membros do antigo regime contra tunisianos que desejam o fim dos protestos.

Centenas de pessoas foram às ruas de Túnis na terça-feira para manifestar apoio ao governo provisório formado após a fuga de Ben Ali para a Arábia Saudita. Esse grupo depois entrou em confronto com manifestantes que se queixam do domínio de ex-integrantes do partido RCD no gabinete interino.

Na localidade de Gefsa, no centro da Tunísia, soldados fizeram disparos para o alto a fim de dispersar centenas de manifestantes. É a primeira vez que o Exército intervém em manifestações desde a queda de Ben Ali. Testemunhas disseram que um jovem ateou fogo ao próprio corpo, repetindo o gesto de um vendedor de verduras, no final de dezembro, fato que desencadeou a rebelião popular no país.

O ministro da Educação, Tayeb Baccouche, disse à Reuters que uma nova composição do gabinete será anunciada na quarta-feira, principalmente para preencher os cargos deixados pela renúncia de cinco ministros na semana passada. Outro membro do gabinete disse que alguns governadores provinciais também serão substituídos, mas que o governo continuará sendo dominado por ex-integrantes do partido RCD, que governa a Tunísia desde sua independência.

Em entrevista transmitida pela emissora tunisiana de TV Nessma, Khadaffi manifestou preocupação com a situação no país, e negou que tenha oferecido abrigo a Ben Ali, que passou 23 anos no poder. “Isso é absurdo… Não vou contra os interesses do povo tunisiano”, declarou. “Temo pela revolução tunisiana, porque vejo intervenção estrangeira… Ela serve a interesses estrangeiros”, afirmou o coronel, que governa a Líbia desde 1969.

Alguns tunisinos defendem que as mudanças no país sejam graduais. “Os membros da RCD precisam sair pouco a pouco, mas agora isso é uma ditadura do povo, onde há anarquia. Precisamos pouco a pouco confiar uns nos outros, precisamos ouvir uns aos outros”, disse um médico de Túnis que se identificou como Labib.

Os partidários do governo levaram às ruas cartazes com dizeres como “Tenham paciência, não existe varinha de condão”, “O povo precisa apoiar o governo para salvar a revolução”, e “Ganhamos nossa liberdade, agora precisamos provar ao mundo que merecemos essa revolução”. Houve confrontos entre os dois grupos, num total de cerca de 1.500 pessoas, na avenida Bourguiba, a maior da capital. Membros de cada lado arrancaram cartazes dos rivais e tentaram rasgá-los.

O chanceler Kamel Morjane, membro do governo Ben Ali, alertou contra um vácuo político. “A revolução popular não tem liderança política e representa a melhor forma de assegurar o período de transição, respeitar a constituição e evitar um vácuo político, e sua meta é guiar o país para eleições livres e transparentes”, declarou ele após se reunir em Túnis com diplomatas europeus. Morjane também disse que a Tunísia pedirá assistência de países amigos na sua transição para a democracia.

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