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Tubarão, de vilão a atracção turística

Um novo estudo comprova que os tubarões geram mais rendimento como estrelas das excursões de mergulho do que se forem mortos por pescadores.

A maioria esmagadora dos terráqueos concorda que a preservação da fauna faz muito bem ao planeta. Agora, pesquisadores comprovam que a atitude de livrar animais do abate ainda pode ser muito lucrativa.

Um estudo divulgado pelo Instituto Australiano de Ciências Marinhas e pela Universidade da Austrália Ocidental (AIMS e UWA, nas siglas em inglês) afirma que um tubarão vivo pode valer 750 vezes mais ao longo de um ano do que se fosse abatido e vendido em poucas horas. A resposta para tanto rendimento? O turismo sustentável.

De acordo com um levantamento da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), um terço das espécies de tubarões ao redor do mundo corre risco de extinção.

O principal atractivo para os pescadores são as barbatanas, que podem ser vendidas por cerca de 50 dólares o quilo, enquanto o corpo vale apenas 1,50 dólar o quilo. Para economizar espaço nas embarcações, os caçadores costumam cortar apenas o que interessa e devolvem o animal, mortalmente ferido, ao mar.

Conhecida por “finning”, a prática foi proibida em muitos países. Em Moçambique são cada vez mais os casos reportados desta prática ilegal.

No entanto, a matança está longe de acabar. Isso porque a barbatana de tubarão é considerada uma iguaria na China, um dos mercados que mais crescem no mundo.

Para Gabriel de Souza Vianna, pesquisador brasileiro e um dos autores do estudo da AIMS, é preciso atingir o bolso para acabar com a caça indiscriminada.

“Acredito que nós só vamos conseguir salvar as populações de tubarões da extinção total se provarmos que esses animais valem mais vivos do que mortos”, defende.

Uma das provas de que essa mudança de mentalidade já começou a acontecer é dada por países como Honduras, Bahamas e Palau. Os três territórios proibiram a pesca desses animais e investem em visitas guiadas ao fundo do oceano.

“As nações que dependem mais da indústria do turismo marinho e do mergulho, como as ilhas do sul do Pacífico e do Caribe, estão a consciencializar-se do potencial económico da preservação, já que essa é uma indústria crescente” afirma Vianna.

Mas os ambientalistas ainda enfrentam a resistência de sectores da própria sociedade. “É mais fácil lutar pela preservação dos golfinhos ou das tartarugas, que são animais mais ‘simpáticos’.

Os tubarões ainda têm uma imagem daquela ‘fera assassina’ dos filmes de terror, o que faz com que muitas pessoas defendam a sua extinção”, revela o director do Instituto Ecológico Aqualung, Marcelo Szpilman.

“Mas o facto é que a média de ataque desses seres no mundo é baixíssima se comparada com outros animais selvagens como cobras, tigres, e até mesmo com os cachorros nas cidades”, completa Szpilman. Seja vilão, seja atracção, a importância desses peixes para o ecossistema marinho vai além das qualificações dadas pelo homem.

“Numa região da Austrália, o número de tubarões diminuiu tanto que a população de polvos, que era a sua presa, fugiu ao controlo. Esses animais acabaram por dizimar as lagostas da região e prejudicaram seriamente a indústria pesqueira”, conta Szpilman. Mais uma prova de que está na hora de trocar os arpões pelo snorkel (natação com uso de tubo de respiração) e pelo pé de pato.

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