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Triplica número de funerais em Maputo nos últimos 2 anos

O número de funerais no Cemitério de Lhanguene, o principal da capital moçambicana, Maputo, triplicou nos últimos dois anos, segundo o vereador Municipal para Salubridade e Cemitérios, Florentino Ferreira. Florentino Ferreira, que falava na Sexta-feira, em Maputo, durante um debate público sobre a nova proposta de Postura de Cemitérios do Município da Triplica número de funerais em Maputo nos últimos 2 anos Por Muhamud Matsinhe, da AIM capital, sublinhou que o Cemitério de Lhanguene realiza uma média diária de 30 a 40 funerais (cerca de 11 a 14 mil por ano), contra os três a quatro mil funerais realizados em 2006 e 2007. A proposta esta em discussão desde o ano passado.

Este número elevado de funerais ocorre numa altura em que o principal Cemitério de Maputo (o de Lhanguene) já está praticamente repleto de campas. Aliás, actualmente, os funerais são realizados em passeios e ruas antes reservados para circulação de peões. “A situação de cemitérios é terrível”, disse Ferreira, acrescentando que “mais preocupante ainda é a situação de cadáveres abandonados e que depois tem de ir a vala comum”. Em média, 120 a 140 corpos são enterrados em valas comuns por semana. Só no primeiro trimestre deste ano, as autoridades municipais enterraram cerca de 900 corpos abandonados na morgue e na via pública.

“Temos que reflectir sobre as razões de abandono de corpos por familiares. Será que isso tem a ver com a situação financeira das famílias que não conseguem custear as despesas de caixão e de um funeral para o seu ente querido?”, questionou ele. A cidade conta com outros poucos cemitérios pequenos, para além de um outro maior (o de N´dlhavela) partilhado com o vizinho Município da Matola, nos arredores de Maputo. As autoridades municipais iniciaram este ano o processo de reassentamento de um determinado número de famílias na zona adjacente ao Cemitério de Lhanguene para estender o local por mais uns 20 hectares (o actual espaço do cemitério tem uma dimensão de 50 hectares).

“Vamos ganhar uns 20 hectares, mas realizando funerais ao actual ritmo, só podemos continuar a usar o cemitério por mais um ou dois anos”, lamentou o vereador, falando a AIM. As autoridades acreditam que esta situação pode ser minimizada com a aprovação, pela Assembleia Municipal, da proposta de nova Postura de Cemitérios ainda em debate público, desenhada pela Vereação de Salubridade e Cemitérios, com o objectivo de fixar regras de uso e manutenção de cemitérios Municipais de Maputo.

Um dos aspectos apontados pela proposta é a importância das cremações na racionalização do espaço dos cemitérios. As autoridades consideram que não existe nenhum cemitério do mundo capaz de “sobreviver por longos anos” sem se realizar cremações periódicas das ossadas enterradas. A proposta é baseada na experiência de alguns países, não referenciados, onde as autoridades cremam as ossadas de cinco em cinco anos de modo a deixar o mesmo espaço disponível para acolher outros enterros.

Em Moçambique, apenas a Comunidade Hindu faz cremação de corpos antes do funeral. Contudo, nos últimos dias, algumas famílias tem vindo a contactar as autoridades municipais manifestando o interesse de cremar os corpos de famíliares. Algumas o fazem nas instalações da Comunidade Hindu.

Por essa razão, o Município acredita que as cremações podem constituir uma das medidas eficazes para a gestão dos espaços dos cemitérios, daí a importância de sensibilizar os cidadãos, no geral, a adoptar esta prática, pouco comum em Moçambique. Na perspectiva do Município, as cremações podem ser realizadas ou pelas famílias ou pelas autoridades municipais (passados três anos após o enterro).

Contudo, o Município ainda não possui um Forno Crematório, infraestrutura capaz de permitir a realização deste tipo de trabalho. “As cremações são uma alternativa, principalmente para corpos abandonados e as peças anatómicas (membros superiores ou inferiores amputados em hospitais por razoes diversas)”, reiterou o vereador.

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