O terremoto de 12 de janeiro no Haiti provocou a pior crise de proteção à infânciada história, devido ao alto número de órfãos e de crianças separadas dos pais, estimou esta quinta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“Estamos diante da pior crise da história no que se refere à proteção das crianças”, afirmou Hilde Johnson, diretora-geral da Unicef, durante uma entrevista coletiva em Genebra. “Os riscos de tráfico de crianças e de adoção ilegal são significativos”, acrescentou, lembrando que “quase 40% dos haitianos têm menos de 14 anos” e que 300 mil crianças já viviam em orfanatos antes do terremoto.
“Com o terremoto, o número de crianças desacompanhadas ou separadas dos pais aumentou de forma significativa”, ressaltou Johnson. “Não sabemos se os pais destas crianças ainda estão vivos, se podem ser encontrados, e se existe algum outro membro da família que possa assumi-las”, explicou. Sexta-feira, dez membros de uma associação de caridade americana foram detidos no Haiti, perto da fronteira com a República Dominicana, com 33 crianças com idades entre 2 meses e 14 anos.
Acusados de sequestro, eles aguardam a decisão da justiça sobre um eventual processo. Em entrevista por telefone, a atriz americana Mia Farrow, embaixadora de boa vontade da Unicef e mãe adotiva, qualificou o episódio de “lamentável”. Antes mesmo do terremoto do dia 12 de janeiro, a Unicef já estava preocupada com o crescimento do número de crianças abandonadas no Haiti, segundo um relatório humanitário publicado nesta quinta-feira.
Cerca de 40% das crianças haitianas já viviam na “pobreza absoluta” antes do terremoto, que deixou 200 mil mortos e um milhão de desabrigados. Assim como as demais agências humanitárias, a Unicef reforçou sua presença no Haiti depois do tremor.
A Unicef também lançou nesta semana uma campanha de vacinação para 500 mil crianças menores de sete anos, que deverão ser imunizadas contra a rubéola, a difteria e o tétano.