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Take Five para Ricardo Rangel

Olá a todos. Dave Brubeck escreveu “Take Five” em parceria com Paul Desmond, Saxofone alto, sendo este o protagonista do tema. Dave Brubeck completa a sua secção rítmica com Joe Morrelo na bateria e Eugene Wright no contrabaixo. “Take Five” é Jazz classicíssimo, com andamento fora do comum, 5/4, que caracteriza muito a forma de como Brubeck escreveu alguns dos seus temas mais conhecidos, como o caso de “Blue Rondo A La Turk’’ ou “Pick Up Sticks”. “Take Five” é também uma expressão usada no vocabulário Jazzistico com sentido imperativo, de ordem, para se fazer “um intervalo de cincos minutos”. Então, se me permitem, “Take Five” com e para Ricardo Rangel.

Primeiro: Para fazer uma singela ovação, não sonora, para aquele que é o verdadeiro Jazzman deste nosso grande Moçambique e pequeno Maputo; Segundo: Porque Ricardo Rangel registou, impulsionou a prática e audição do Jazz nesta cidade do Maputo. Terceiro: Ricardo Rangel homenageado pelos seus cinquenta anos de carreira fotográfi ca – Tinha que ser os franceses a faze-lo mais uma vez, pois “nós” os outros, por estes lados de cá, não damos valor a essas coisas de homenagear e reconhecer o trabalho dos indivíduos enquanto vivos, senão, claro, quando estão em jogo certos interesses políticos e outras coisas do estilo. Outro “Jazz”, esse! Pouco ou nada posso falar do Sr. Rangel, no entanto sei que ele é um profi ssional de fotografi a que está ou esteve directamente ligado do Centro de Formação Fotográfi ca, por isso e pelo que não precisa de ser provado, um grande Senhor da fotografi a, aqui e além fronteiras. Sei e isso tenho a certeza, que ele foi das pessoas, que por gostar da arte que é o Jazz mobilizou todos os recursos ao seu alcance para que se instalasse, nesta cidade, uma pequena mas signifi cativa cultura Jazz, primeiro na antiga rua Araújo, creio que na actual, e depois no restaurante Costa do Sol, nas tardes de Sábado que se prolongavam até ao inicio da noite. Sou mais desse tempo e com algum testemunho, pois foi assimconheci gente interessante e fantástica, como Guilherme, Orlando, Balói, Celso Paco, Shildo, Cobra e outros tantos que eram, por assim dizer, os Putos do Rangel. Putos no sentido em que eles deixavam nas mãos de Ricardo Rangel tudo aquilo que deveria ter a ver com a sessão a apresentar, como por exemplo o que tocar, o que não tocar e como tocar. Vi algumas vezes o Sr. Rangel a fazer a escolha do reportório para determinada sessão de tarde de Jazz; vi o Sr. Rangel, com muita energia e entusiasmo a incentivar o Cobra, na altura o guitarrista do grupo, para que se arriscasse num solo improvisado do conhecido e muito badalado tema “Summer Time” dos irmãos Gershwin, Ira e George. Eram tardes de boémia é verdade, mas eram tardes muito boas de Jazz. O Jazz acontecia de acordo com aquilo que eram as condições da altura, como a formação dos músicos, equipamentos utilizados e outras; no entanto, pessoalmente devo dizer que permitiu tirar daquelas sessões boas referências no que concerne ao Jazz e isso tudo deveu-se, em parte, ao Sr. Ricardo Rangel. Se por algum acaso, alguma vez se falar de Jazz como parte da história que de uma ou outra maneira da música em Moçambique, acho que cinco minutos para Ricardo Rangel não seriam mal utilizados, pois do pouco que cheguei a conhecer da envolvência deste senhor neste contexto é sufi ciente para tal, para não falar do património da vivência tida, com o Jazz, nos ano já lá idos, quando eu nem sequer andava por cá. “Take Five para Rangel”. Abraços, beijos e carinhos.

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