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Surto de ébola na Guiné Conacry é preocupante mas não extraordinário

O desenvolvimento do ébola em Guiné Conacry segue o padrão epidemiológico de surtos anteriores da doença, advertiu nesta terça-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Qualquer surto de ébola é de grande preocupação, mas necessitamos ser muito prudentes. Por enquanto, o que vemos são casos esporádicos, não podemos falar de epidemia”, afirmou em entrevista coletiva Gregory Hartl, porta-voz da OMS.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) afirmou nesta-feira que o atual surto na Guiné é “sem precedentes”. Hartl negou hoje o fato e lembrou que no passado houve casos na Uganda e na República Democrática do Congo (RDC) muito mais severos e que afetaram até 400 pessoas.

O porta-voz disse que existem quatro tipos de vírus que causam o ébola e que o presente na Guiné Conacry é o chamado do tipo Zaire, algo “normal” segundo a OMS, pois esta cepa aparece em zonas tropicais da África Central e África Ocidental.

“Por enquanto, o tamanho, a expansão e a transmissão deste surto segue o padrão de outros precedentes”, disse o porta-voz. O tipo Zaire é um dos mais agressivos e letais, pois tem um dos índices de mortalidade mais elevados -em torno de 90%- entre os vírus patológicos humanos.

Além disso, Hartl lembrou que esta não é a primeira vez que o vírus desloca-se das zonas rurais para a capital, o que já ocorreu no Gabão. “Não o podemos confirmar ainda, mas achamos que o vírus chegou na capital através de uma pessoa doente que foi para Conacri para se tratar”, explicou.

O porta-voz lembrou que por enquanto o surto tem maior incidência no sudeste da Guiné, onde ocorreram a maioria dos casos e a maior parte das mortes (70).

Até o momento, foram confirmados 122 casos de pessoas infectadas na Guiné, 80 das quais morreram, e sete casos na Libéria, com quatro óbitos. Todos os casos estão ligados ao surto na Guiné Conacry, explicou Hartl. Além disso, os casos suspeitos em Serra Leoa foram descartados.

De todos os mortos, 11 eram funcionários do setor de saúde. Para evitar mais contágios no interior das instalações sanitárias, a OMS enviou equipes especializadas em proteção.

Sobre a fonte originária da infecção, o porta-voz disse que detectá-la “não é a prioridade”, pois o mais importante agora é frear a cadeia de transmissão e evitar novos casos. Para isso é preciso evitar contágios nos centros médicos, efetuar um controle rígido dos infectados e de seu entorno, e fazer campanhas de informação para conscientizar a população dos riscos da doença e de como se deve atuar para preveni-la.

Hartl explicou que uma de formas mais fáceis de contágio pode ser a caça e posterior ingestão de um animal doente portador do vírus. O período de incubação do vírus é de entre dois e 21 dias, e por isso se pode falar de controle do surto após transcorridos 42 dias sem que se tenha detectado nenhum novo caso, cenário que por enquanto não se vislumbra a curto prazo.

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