Vastas áreas de culturas alimentares desenvolvidas a jusante do rio Zambeze, Centro de Moçambique, estão completamente inundadas devido a subida do caudal daquele curso de água nos últimos dias. Trata-se de culturas desenvolvidas nos distritos de Tambara, Mutarara, Chemba, Caia e Mopeia, nas províncias de Manica, Sofala, Tete e Zambézia, que sofreram os efeitos da abertura de comportas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).
Ainda esta última terça-feira, a HCB previa um aumento das suas descargas de 2.500 para cinco mil metros cúbicos por segundo. Citado pelo jornal “Notícias”, o delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) em Sofala, Luís Pacheco, disse que as descargas em curso se enquadram nas medidas de segurança em relação a capacidade de encaixe da albufeira daquela infra-estrutura hidráulica.
Com efeito, a HCB está agora a receber um elevado volume de água proveniente dos países vizinhos localizados a montante com destaque para a Zâmbia e Angola. O problema resulta de alterações climáticas que são responsáveis pela mudança dos padrões da época chuvosa na região austral da África.
Por exemplo, a HCB devia ter feito escoamento de água em grandes quantidades até Março passado, o que não aconteceu porque o pico da precipitação na última época chuvosa aconteceu relativamente tarde em relação ao período habitual. Em Dezembro último, a HCB chegou a libertar três mil metros cúbicos por segundo, tendo provocado inundações nas zonas a jusante do Zambeze.
Na altura, não houve descargas de grandes volumes porque as chuvas aconteceram relativamente tarde nas áreas a montante do rio Zambeze. Contudo, apesar do aumento das descargas, Luís Pacheco considera não haver motivos para qualquer alarme pois o INGC e os governos dos distritos localizados ao longo do Zambeze em Sofala já se encontram em alerta máximo, tendo sido reactivados os Comités Locais de Gestão de Calamidades.