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Sobrecarregado pela Federação e Liga de Clubes, Ferroviário da Beira conquista primeiro ponto na Liga dos Campeões

Sobrecarregado pela Federação e Liga de Clubes

Foto de Adérito CaldeiraEnfrentando a sobrecarga de cinco jogos em 17 dias, imposta pela Federação Moçambicana de Futebol e Liga de Clubes, os “locomotivas” da Beira somaram em Maputo, diante do El Hilal do Sudão, o primeiro ponto da sua história na Liga dos Campeões Africanos. “O estrago está feito, sinceramente aquilo que se submeteu a equipa do Ferroviário é desumano” afirmou o treinador Aleixo Fumo que ainda assim mostrou ser um Senhor, “acho que não é importante apontar os culpados, é arranjar soluções”.

Quinze anos depois a mais importante prova de clubes do nosso continente voltou a ser jogada em solo moçambicano, porém, embora o nosso campeão seja da cidade da Beira, o primeiro jogo do Ferroviário em sua casa teve de ser disputado em Maputo porque o seu campo não ficou atempadamente pronto, de acordo com as regras da Confederação Africana de Futebol(CAF).

Embora a Federação Moçambicana de Futebol(FMF) garanta que a responsabilidade por esta situação é dos dirigentes do Ferroviário da Beira o facto é que a instituição dirigida por Alberto Simango deixou a impressão de ajudar pouco aos campeões, estreantes nestas exigentes competições da CAF.

Aliás sob a FMF, a par da Liga Moçambicana de Clubes, recai também o ónus da sobrecarga de jogos a que estão a ser submetidos os campeões nacionais que em apenas 20 dias realizaram 6 partidas, três das quais fora da cidade da Beira o que obrigou a desgastantes viagens.

Enquanto o seu opositor na 2ª jornada da Liga do Campeões chegou à capital do país na sexta-feira(19) os “locomotivas” defrontaram no sábado(20) o Sporting da Beira, em partida da fase provincial da Taça de Moçambique que acabaram derrotados no penaltis e eliminados, e só depois voaram para Maputo.

Na quarta-feira anterior(17) tinham enfrentado na Manga o Ferroviário de Maputo, que venceu a partida que contava para o Moçambola de 2017, cinco dias depois de uma penosa viagem de dois dias desde a Tunísia onde estrearam na “champions” africana sofrendo uma goleada.

Cinco dias antes tinha jogado em Nampula, e empatado com o seu homónimo em partida do Campeonato, com outras aventuras aéreas para ir a regressar a Beira onde haviam iniciado no dia 3, com outro empate, desta vez diante da Liga Desportiva em jogo do Moçambola, esta desgastante sequência de jogos.

Andro e Pascoal comandaram a “locomotiva” do Chiveve

Foto de Adérito CaldeiraTalvez por isso o Ferroviário tenha entrado na tarde desta terça-feira(23) para o relvado do estádio nacional de Zimpeto algo nervoso e tímido, vendo o El Hilal criar as primeiras chances de golo. Logo no 2º minuto um remate à entrada da área obrigou Willard a uma defesa a dois tempo. Pouco minutos depois, valeu a atenção de Pascoal que sobre a linha de golo cortou um cabeceamento que levava selo de golo.

Mas Andro e Fabrice começaram a criar no jogadas atacantes, pelo flanco esquerdo, mas faltava discernimento no último passe. Na sequência de um livre marcado por Thomas perto da área do El Hilal o capitão Maninho cabeceou mas longe da baliza de Maxime.

Depois da meia hora os “locomotivas” começaram a impor o seu jogo e perto do intervalo cheirou a golo. Primeiro Maninho bem servido não conseguiu apanhar a bola para visar a baliza mas na sequência Dayo rematou forte perto do travessão da baliza do El Hilal.

Após o descanso os sudaneses regressaram ao ataque mas durante alguns minutos, os nossos campeões sacudiram a pressão voltaram a criar jogadas de ataque embora sem grande perigo.

Andro era o mais perigoso, na sequência de um pontapé de canto, cruzou forte em direcção da baliza onde Maxime teve de socar para evitar o golo.

Mas os sudaneses davam o ar da sua graça em contra ataque e mantinham Willard e a sua defesa, onde Pascoal esteve imperial, ocupados.

Perto do minuto 90, na transformação de um livre directo a meio do meio campo, Andro chutou forte e colocado para grande defesa de Maxime com as pontas dos dedos para canto.

“Da maneira que temos vindo a competir o resultado só pode ser catastrófico”

“Foi um bom jogo, o nosso início não foi muito bom, notou-se algum nervosismo na abordagem do jogo mas a medida que o tempo foi passando fomos acertando. Naturalmente que não tínhamos informações muito precisas da equipa adversária, sabíamos que era uma equipa do topo, e mostrou que era isso, mas acho que apesar de não estarmos muito bem a atacar na primeira parte estivemos muito bem organizados defensivamente pelo que conseguimos controlar muitas das situações que eles tentaram criar”, começou por analisar o treinador do Ferroviário da Beira.

“Na segunda parte acho que estivemos um bocadinho melhor, aparecemos mais vezes no seu reduto, no último terço, o que pecou da nossa parte foi um pouco mais de clarividência no último terço, chegávamos lá mas o último passe não saía como deve ser. Foi um jogo muito corrido, de muita entrega mas que faltou um bocadinho de calma, de serenidade e acho que talvez pudéssemos estar aqui a falar de outro resultado. Acho que é um resultado justo, a equipa adversária mostrou aqui o que vale e agora temos que pensar no próximo jogo e ver se nesse conseguimos os 3 pontos”, acrescentou Aleixo Fumo na conferência de imprensa.

Foto de Adérito CaldeiraQuestionado pelo @Verdade sobre a sobrecarga de jogos a que a sua equipa tem estado sujeita o treinador campeão nacional disse que “o estrago está feito, sinceramente aquilo que se submeteu a equipa do Ferroviário é desumano. Tivemos que fazer viagens sem as pessoas dormirem e um dia depois terem que jogar, é muito complicado. Eu acho que temos de aprender a lição, todos nós, a nível de programação para atempadamente podermos prever estas situações”.

“Porque da maneira que temos vindo a competir o resultado só pode ser catastrófico porque nem uma coisa nem outra vamos acabar conseguindo. Eu acho que isso passou, aprendeu-se a lição, o que eu espero é que nos jogos que a gente tem pela frente se organize melhor. Quando digo a gente digo nós como clube, a Federação e a própria Liga para tentar adequar a competição onde estamos inseridos. Porque temos visto o que acontece em países nossos vizinhos, cujos representantes estão nesta fase de jogos eles procuram sempre arranjar uma fórmula para poder aliviar um pouco a sobrecarga de jogos. Sabemos que aqui em África quando se trata de viajar é uma situação complicada, são viagens muito cansativas, depois regressa-se e tem que se competir fica muito complicado”, declarou Fumo.

Mas o treinador dos “locomotivas” do Chiveve não quis lamentar-se ou encontrar bode expiatórios para o drama que a sua equipa enfrenta. “Eu acho que nesta altura não interessa, o que é importante é que a lição está aprendida, já vimos qual é que foi o resultado, que é nefasto, acho que não importante apontar os culpados é arranjar soluções para que nas ocasiões a gente possa não enfrentar as mesma situações”.

Segundo Aleixo Fumo a sua equipa terá já solicitado a Liga de Clubes uma melhor programação das partidas que tem a realizar, “agora vamos esperar a resposta exactamente para vermos de que maneira de facto vamos poder reprogramar, mas acho que agora o campeonato vai parar e de certa maneira vai dar um pouco mais de espaço para poder-se programar os jogos que possamos ter que fazer”.

“Há quatro semanas que nós não treinamos, jogamos só. Vamos ter o jogo que devíamos ter feito com o Chingale no fim-de-semana, depois há o jogo contra o Textáfrica(já no próximo dia 28), vamos ter de equacionar como programar estes jogos por forma a ter espaço para a gente preparar-se convenientemente para enfrentar o El Merreikh”, concluiu o técnico do Ferroviário da Beira.

Com o ponto conquistado os campeões nacionais mantém a última posição do grupo A porém em igualdade pontual com o El Merreikh do Sudão, que foi derrotado em casa pelo Étoile Sportive du Sahel 1 a 2, e é o próximo adversário já no dia 3 de Junho, numa partida agendada para o estádio nacional do Zimpeto, na cidade de Maputo.

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