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Situação de emergência devido a chuva está “controlável”, seca não dá tréguas e coloca cerca de 200 mil pessoas em insegurança alimentar aguda em Moçambique

Situação de emergência devido a chuva está “controlável”

Foto de ArquivoUma semana após a declaração do alerta laranja institucional a situação de emergência devido a chuva(que se registou no Centro e Norte) e à seca (que se vive no Sul e numa parte da região Centro) “ainda está controlável” e não há “famílias ao relento”, de acordo com Maurício Xerinda, director do Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), que referiu nesta sexta-feira(22) que o número de óbito continua a ser de 33 vítimas. Há previsão de alguma chuva esta semana nas províncias de Gaza e de Inhambane mas a insegurança alimentar aguda vai continuar a afectar centenas de milhares de moçambicanos.

São 176.139 os moçambicanos em insegurança alimentar aguda e considerada de “preocupante” pelo Conselho Técnico de Gestão de Calamidades (CTGC), devido a estiagem que dura há cerca de um ano 77.365 pessoas não conseguem satisfazer as suas necessidades alimentares mínimas na província de Gaza e outras 75.565 estão em situação similar na província de Inhambane e mais 14.006 na província de Sofala.

“(…)A partir do dia 26 (de Janeiro) vamos ter alguma chuva significativa para as províncias de Gaza e Inhambane e também para as províncias de Sofala e Manica. Estamos a prever nessas regiões precipitação acima de 50 milímetros em 24 horas”, disse em conferência de imprensa Acácio Tembe do Instituto Nacional de Meteorologia, após a 2ª reunião do CTGC realizada na capital do país, referindo no entanto que esta chuva poderá minimizar o drama da água para o consumo dos cidadãos e do seu gado mas que vem atrasada para a época agrícola e em quantidade insuficiente.

O Conselho Técnico de Gestão de Calamidades tem consciência da necessidade de providenciar assistência alimentar imediata a estas centenas de milhares de moçambicanos que se esperam possam aumentar se a seca prolongar-se e que continuam a aguardar por uma visita do Presidente Filipe Nyusi, que após um ano no cargo ainda não se deslocou a estas regiões do Sul de Moçambique que estão a ser mais assoladas pela seca.

Para além da assistência alimentar o CTGC refere existir necessidade de assistência humanitária nas áreas de agricultura, saúde e nutrição, água e saneamento e optimização das operações das barragens dos Pequenos Libombos, Corrumane, Massingir e Cahora Bassa para os seus objectivos primários: abastecimento de água a província de Maputo, irrigação a jusante e produção de energia, respectivamente.

Um dado animador aconteceu neste sábado(23) no rio Limpopo onde pela primeira vez este ano registou-se algum caudal em Combomune, 2,87 metros que aumentaram no domingo(24) para 2,90 metros.

Assinalável positivamente é também o caudal do rio Incomati, em Ressano Garcia, entre sexta-feira(22) e este domingo aumentou em 8 centímetros.

Não há moçambicanos ao relento devido às chuvas

No que a época chuvosa diz respeito “após se decretar o alerta laranja tivemos chuvas na zona Norte e um total de mais 1.582 pessoas afectadas pelas chuvas, mais 243 casas parcialmente destruídas e mais 74 casas foram destruídas de forma total”, declarou o director do CENOE que no entanto explicou que neste momento não há moçambicanos ao relento e nem foi necessário ainda abrir centros de acomodação.

Foto de Adérito Caldeira“Destas casas que foram parcial ou totalmente destruídas há um processo de reconstrução das mesmas isto significa que até agora não temos famílias ao relento, isto é não foi necessário ter nenhum centro de acomodação porque todas as pessoas que foram afectadas tiveram as suas casas reconstruídas, enquanto a reconstrução aconteciam eram albergadas em casas de vizinhos ou de parentes, não temos situações de pessoas que em função da destruição das suas casas tenham ficado ao relento” afirmou Maurício Xerinda que enfatizou que as habitações que têm ficado afectadas pelas chuvas são feitas de adobe e capim.

Em Moçambique ainda 72,5% das habitações são construídas com paredes de adobe, caniço ou paus maticados e são cobertas por capim, revela o mais recente Inquérito Sobre o Orçamento Familiar do Instituto Nacional de Estatística. “(…)É o problema da própria tecnologia de construção das casas que não as deixa bastante consistentes para aguentar com os níveis pluviométricos que se estão a verificar”, lamentou o director do Centro Nacional Operativo de Emergência.

Segundo Xerinda o número de vítimas mortais em consequência directa das calamidades naturais, desde o início da época chuvosa a 1 de Outubro de 2015, até quinta-feira(21), mantém-se em 33 óbitos.

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