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Site islamista oferece recompensa pela morte do rapper iraniano

Um site islamista ofereceu uma recompensa de 100.000 dólares a qualquer pessoa que mate um rapper iraniano que vive na Alemanha e que, na avaliação do site, criou uma música que satiriza a República Islâmica e trata uma figura religiosa histórica de forma irreverente.

O website de notícias e religião iraniano Shia-Online.ir disse que a estrela de hip-hop Shahin Najafi merecia morrer por uma canção que, segundo o site, “grosseiramente insultava” Ali al-Hadi al-Naqi, um dos 12 imãs, as figuras religiosas altamente reverenciadas por muçulmanos xiitas.

Najafi negou que a sua música focava no imã xiita reverenciado ou foi feita para criticar o Islão. A música toma a forma duma oração a Naqi, do século 9, e expressa reverência irónica por muitas figuras iranianas contemporâneas.

Com referências que vão desde o amor dos iranianos a plásticas no nariz até sanções económicas e a controversa eleição presidencial de 2009, a letra da música em língua persa significa pouco para um estrangeiro, mas ressoou entre os iranianos e já teve mais de 320.000 acessos no YouTube.

Muitas canções de rap feitas por exilados iranianos seriam politicamente e moralmente ofensivas às autoridades da República Islâmica, onde a música pop local é restringida.

Mas a constante menção a “O Naqi” na canção atraiu mais raiva do que o habitual. “Um fundador do website que vive num dos países do Golfo Árabe prometeu pagar a recompensa de 100.000 dólares em nome do Shia-Online.ir para o assassino do cantor abusivo”, disse o site numa postagem.

Numa repetição da fatwa (decreto religioso) de 1989 ordenando a morte do escritor britânico Salman Rushdie por seu romance “Os Versos Satânicos”, que foi considerado blasfemo, um clérigo do Irão disse que o rap de Najafi pode merecer uma sentença de morte.

Perguntado por seus seguidores sobre a música, o grande aiatolá Nasser Makarem Shirazi disse em que “qualquer atentado contra os imãs infalíveis… e um óbvio insulto contra eles fariam dum muçulmano um apóstata”, afirmou a agência de notícias iraniana Fars.

A apostasia é digna de sentença de morte dentro das leis islâmicas que são aplicadas no Irão predominantemente xiita.

Falando à emissora alemã Deutsche Welle, Najafi disse: “Eu pensei que haveria algumas ramificações. Mas eu não achei que iria perturbar muito o regime. Agora eles estão a tirar proveito da situação e a fazer com que pareça que eu estava a tentar criticar a religião e incomodar os religiosos.”

“Para mim é mais uma desculpa para falar de coisas completamente diferentes. Eu também critico a sociedade iraniana na música. Parece que as pessoas estão simplesmente a concentrar-se na palavra ‘imã’.”

Najafi, nos seus 30 e poucos anos, era activo na cena musical underground do Irão antes de deixar o país em 2005.

As autoridades iranianas ainda não comentaram sobre a música de Najafi e a mídia do Irão não divulgou amplamente a recompensa estabelecida para a sua cabeça pelo site xiita.

Najafi disse que tinha tomado algumas “medidas cautelares”, porque “alguns partidários do regime querem criar uma atmosfera de medo e intimidação”.

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