O Irão ofereceu apoio ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, enquanto as forças do governo sírio tentavam sufocar os rebeldes na cidade de Aleppo, no norte do país, esta Terça-feira (7).
Assad apareceu na TV estatal nas imagens que mostravam a sua reunião com o chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão, Saeed Jalili, um alto funcionário do país que é seu principal aliado regional.
O líder sírio vem tentando reafirmar a sua autoridade depois de vários reveses recentes desde o início do levante há 17 meses, os quais culminaram com a deserção do seu primeiro-ministro, Riyad Hijab, Segunda-feira (6).
Essa foi a primeira imagem de Assad em duas semanas, divulgada um dia depois de a TV mostrar o novo primeiro-ministro, interino no cargo, presidir uma reunião do gabinete de governo convocada às pressas, possivelmente para desmentir notícias de que outros ministros haviam desertado com Hijab.
Jalili disse que o seu país não iria deixar a sua estreita parceria com os dirigentes sírios ser abalada pelo levante ou por inimigos externos.
“O Irão não vai permitir que o eixo de resistência, do qual considera a Síria uma parte essencial, seja de forma alguma rompido”, disse Jalili, segundo a TV síria.
O termo “eixo de resistência” refere-se à aliança do Irão com a Síria e o grupo xiita libanês Hezbollah, que combateu Israel em 2006, com o apoio sírio e iraniano.
Assad e o seu círculo de poder são alauítas, uma vertente minoritária do islamismo na Síria, onde a maioria é sunita. A seita alauíta é uma ramificação do islamismo xiita, majoritário no Irão.
Os governos sírio e iraniano responsabilizam Estados árabes do Golfo Pérsico (muçulmanos sunitas) e a Turquia, todos aliados dos Estados Unidos e de potências europeias, pelo derramamento de sangue na Síria, por apoiarem os grupos rebeldes, majoritariamente sunitas.
As potências ocidentais têm simpatia pelos rebeldes, mas temem que os islamistas sunitas anti-Ocidente se beneficiem duma vitória das forças anti-Assad. Segundo a agência iraniana Fars, Jalili disse a Assad que o Irão está preparado para prover ajuda humanitária à Síria.
Turquia
Em visita para reparar as relações com a Turquia, o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi, disse querer trabalhar com o governo turco para resolver a crise.
O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, descreveu como “preocupante” um comentário feito, Segunda-feira (6), pelo principal general iraniano, que acusou a Turquia, Arábia Saudita e Catar pelos confrontos sangrentos na Síria.
O Irão está preocupado também com os mais de 40 iranianos que, segundo informou, são peregrinos e foram sequestrados, Sábado (4), por rebeldes quando viajavam num autocarro em Damasco, onde visitavam santuários xiitas.
Salehi escreveu ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, a pedir ajuda para conseguir a libertação deles. Os insurgentes dizem suspeitar que os iranianos sejam soldados enviados para ajudar Assad.
Um porta-voz dos rebeldes disse, Segunda-feira (6), que três dos iranianos cativos morreram num bombardeio das forças do governo.
Sem citar o Irão ou potências sunitas, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, alertou contra o risco de o país mergulhar numa “guerra sectária” e disse que os Estados Unidos não vão tolerar “o envio de combatentes terroristas” para explorar o conflito sírio.
Enquanto as forças de Assad tentam retomar o controle de Aleppo, os combates continuam em vários pontos do país, segundo os insurgentes.
O grupo oposicionista Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora a violência, afirmou que mais de 270 pessoas, incluindo 62 soldados, foram mortos na Síria, Sgunda-feira (6), uma das cifras mais elevadas no levante, no qual os activistas dizem já terem morrido pelo menos 18 mil pessoas.