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Síria espera que o futebol ajude o povo a enfrentar a guerra civil

Traumatizada pelos dois anos e meio de guerra civil no país, a selecção de futebol da Síria espera dar algum motivo de alegria aos compatriotas. A Síria, que em Dezembro conquistou o seu primeiro título internacional, a Copa da Ásia Ocidental, derrotando o Iraque na final, enfrentou Singapura, terça-feira (15), pelas eliminatórias da Copa Asiática, que será disputada em 2015 na Austrália.

Numa entrevista colectiva, esta segunda-feira, os jornalistas deixaram em segundo plano as perguntas sobre tácticas e contusões, preferindo focar o conflito que já deixou mais de 100 mil mortos e 2,1 milhões de refugiados. “Ninguém fica a dizer isso, mas mentalmente a gente está afectado”, disse o atacante Sanhareb Malki, capitão da equipa, a jornalistas em Cingapura.

“Quando você sabe que um amigo ou familiar morre – pois é, alguns familiares dos jogadores já morreram – então é realmente difícil, claro. Os jogadores conversam, olham o noticiário… Então todo dia ouvimos, tiros e coisas assim – é normal agora no país.” Malki foi ainda jovem para a Europa, onde actuou na Holanda, Grécia e Bélgica.

Ele hoje joga no clube turco Kasimpasa. A família dele também deixou a Síria. Alguns parentes foram para a Turquia, e os demais, como 540 mil refugiados sírios, fugiram para a Jordânia, que também está no grupo da Síria nas eliminatórias, junto com Omã. Malki disse que esteve pela última vez na Síria em Janeiro de 2011, quando a equipa se reuniu antes de viajar para o Catar, onde disputou a última Copa Asiática.

Dois meses depois, começaram protestos pacíficos contra o presidente Bashar al-Assad, os quais foram duramente reprimidos pelas forças de segurança, dando início à guerra civil. Apesar da ausência, Malki disse que continua em contacto com seus compatriotas via redes sociais, e afirmou que uma vitória sobre Cingapura é o mínimo que o povo sírio merece.

“Muitos fãs estão a tentar nos dar apoio porque todos na Síria amam o futebol. Eles nos seguem no Facebook, Twitter, esse tipo de coisa. Eles nos mandam mensagens para incentivar a equipa”, afirmou o atacante, de 29 anos. “Para esse tipo de gente, vamos dar tudo, vamos lutar.”

Mas o caminho para a Síria não é fácil. A equipa está apenas em 143º lugar no ranking da Fifa, e por causa da guerra civil a selecção tem mandado os seus jogos no Irão, onde Malik disse que apenas cem pessoas assistiram ao empate contra a Jordânia na rodada passada, depois de a Síria perder o jogo de abertura em Omã.

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