A Síria disse ao enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, que tinha começado a retirar as tropas de várias cidades, esta Quinta-feira, de acordo com um plano de paz aceite pelo presidente Bashar al-Assad, mas os seus inimigos disseram que o Exército ainda estava a atirar nessas cidades e noutros lugares.
O porta-voz de Annan Ahmad Fawzi contou que as autoridades sírias “disseram-nos que eles começaram a retirar as tropas de determinadas áreas”, citando as cidades de Deraa, Idlib e Zabadani.
Falando em Genebra, ele disse que isso estava a ser verificado, mas não informou como. “Eles são grandes mentirosos, não há nenhuma retirada do Exército, eles ainda estão no meio da cidade. Dispararam na cidade esta manhã, como fazem todos os dias”, afirmou um homem chamado Abu Mustafa, por telefone, de Zabadani perto da fronteira do Líbano.
No entanto, ele reconheceu um recuo modesto. “O Exército retirou 15 tanques ontem, mas os restantes estão todos em torno dos postos de controle, como de costume”, disse Mustafa.
O Observatório Sírio para Direitos Humanos, de oposição, informou que ao menos 33 pessoas, incluindo 14 soldados, morreram, Quinta-feira, 16 deles na cidade de Homs e 14 na província de Idlib.
O conflito diplomático aumentou entre a Rússia, aliada da Síria, e as potências ocidentais que querem a saída de Assad, com a França acusando o líder sírio de 46 anos de não cumprir as suas promessas, enquanto Moscovo disse aos partidários da oposição para não estabelecer ultimatos.
Não houve trégua na violência desde que Assad aceitou o plano de paz de Annan de seis pontos há mais de uma semana. Na cidade de Homs, os activistas filmaram explosões numa rua com muitos detritos.
Explosões e tiros abalaram Douma, uma cidade perto de Damasco, pouco antes de um membro da equipe de paz das Nações Unidas chegar à capital síria.
Em Damasco, milhares de pessoas de luto estiveram no distrito Kafr Souseh para o funeral de dois activistas mortos a tiros nos seus carros durante a noite. “Não temos medo. Deus está connosco”, gritavam.
Não havia sinal de soldados nas ruas. Alguns analistas afirmam que qualquer chegada de homens em capacetes azuis da ONU irá encorajar um retorno dos protestos em massa, como aconteceu quando uma missão de monitoramento da Liga Árabe começou a operar na Síria, em Dezembro.
A missão foi retirada posteriormente com o aumento da violência. Mais de 42.000 sírios fugiram do país desde que a revolta começou há um ano e transformou-se rapidamente em violência.
A ONU diz que as forças de Assad já mataram mais de 9.000 pessoas, ano passado. A Síria disse esta semana que 6.044 tinham morrido, incluindo 2.566 soldados e policiais.