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Sinos dobram por Guernica 75 anos depois do bombardeio

Os sinos das igrejas e as sirenes das fábricas soaram em Guernica durante quatro minutos à mesma hora em que o fizeram há 75 anos.

Os moradores reuniram-se em diferentes pontos do povoado para lembrar o bombardeio que no dia 26 de Abril de 1937 destruiu a localidade espanhola.

Naquele dia, desde às 15h45 e durante três horas, a Legião Condor (enviada por Adolf Hitler) e aviões de guerra italianos bombardearam o vilarejo com mais de 30 toneladas de explosivos e metralharam a população que fugia do ataque.

Guernica foi destruída e um incêndio posterior prolongou-se por três dias, mas o número de mortos ainda é desconhecido.

Embora oficialmente tenham sido contabilizados 151 mortos, as tropas franquistas que entraram três dias depois no povoado da Viscaya apagaram os vestígios e os registos, o que impede que os historiadores até hoje conheçam a cifra exacta, estimada em cerca de 200.

Christopher Holme, correspondente da Reuters, publicou no dia seguinte da incursão a sua crónica no diário vespertino Evening News.

“O ataque aéreo mais atroz de todos os tempos. Aviões de guerra alemães atacam por turnos durante horas. Centenas de mortos”, escreveu Home.

Reconvertida agora em cidade da paz, Guernica entregou hoje ao ex-presidente alemão Roman Herzog o “Prêmio Guernica pela paz e a reconciliação” em agradecimento à sua carta de 1997 à prefeitura da pequena cidade expressando as suas condolências pelo ataque e reconhecendo que a Legião Condor fora autora do bombardeio.

Coincidindo com o aniversário, as forças nacionalistas bascas também pedem medidas do governo espanhol, uma vez que o ditador Francisco Franco nunca reconheceu a autoria do bombardeio nem pediu perdão às vítimas.

O presidente do Partido Nacionalista Basco, Iñígo Urkullu, numa declaração realizada por ocasião do 75º aniversário, denunciou que “não se quis encarar com honestidade e sentido histórico (…) não se produziu o devido reconhecimento da dor humana, pessoal e social causada” pelo ocorrido em 1937.

Também o prefeito de Guernica, José María Gorroño, do partico basco Bildu, reivindicou a divulgação da verdade sobre o ocorrido e disse esperar que “o governo central se digne a dizer: ‘Senhores, Guernica foi bombardeada por ordem do Franco'”.

Os eventos de recordação do 75º aniversário do bombardeio serão encerrados de noite com uma manifestação silenciosa e com os moradores a percorrerem as ruas da cidade numa marcha à luz de velas.

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