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Simpatizantes do ANC ouvidos em tribunal por ataque a Julius Malema em Nkandla

Os trinta simpatizantes do Congresso Nacional Africano, partido no poder na África do Sul, detidos no último sábado (11) por terem atacado o antigo líder da liga juvenil daquela formação política, Julius Malema, e seus apoiantes em Nkandla, na província do KwaZulu-Natal, compareceram esta segunda-feira (13) perante o tribunal.

O grupo é acusado de violência pública com recurso a pedras e garrafas no ataque ao líder e simpatizantes do partido para a Emacipação da Liberdade Económica (EFF), durante o acto de entrega de uma casa construída de raiz para a vizinha desfavorecida do Presidente Jacob Zuma em Nkandla.

O EFF de Malema optou pela construção de uma casa para Sthandiwe Hlongwane e seus netos, que vivem a escassos 300 metros da polémica residência familiar do Presidente Zuma, no dia em que o ANC apresentava o seu manifesto eleitoral no Estádio de Mbombela em Nelspruit.

Um grande contigente policial monitorava a área desde as primeiras horas do sábado e mantinha os dois grupos (simpatizantes do ANC e do EFF) separados, sendo que os do partido no poder se encontravam na zona alta.

Uma parte dos simpatizantes do ANC iniciou com o arremesso de pedras e garrafas contra a apoiantes do partido de Malema e a polícia teve de intervir com recurso a bastões, canhões de água e gás lacrimogénio. Balas de borracha foram também usadas para dispersar os simpatizantes do ANC.

Segundo o capitão da polícia Thulani Zwane, cerca de 30 pessoas foram detidas e esta segunda-feira (13) foram ouvidas no Tribunal de Primeira Instância de Nkandla, acusados de prática de violência pública. Os membros do ANC haviam bloqueiado nas primeiras horas as ruas de acesso à casa construída pelo EFF e tentado inviabilizar o carro de Julius Malema de passar.

Entretanto, Malema desceu da viatura e caminhou a pé até ao local. Entretanto, os ataques e as tentativas de inviabilização da entrega da residência à vizinha de Zuma, por parte dos simpatizantes do ANC, foram descritos por Malema, como um acto inconstitucional. “Não sou a líder da Aliança Democrática (DA), Helen Zille, e não me podem negar o acesso”.

Facto estranho é que Edward Zuma, filho do Presidente Jacob Zuma, se encontrava entre os apoiantes do ANC que atacaram o EFF, mas não consta dos detidos pelas forças policiais. “Nem o pai de Edward conseguiu deter-me”, referiu Malema, numa clara alusão ao Presidente Zuma.

Medo de ataques

Sthandiwe Hlongwane, a beneficiária da residência erguida pelo partido de Malema, vive com medo de prováveis ataques por parte dos simpatizantes do ANC, segundo a edição desta segunda-feira do jornal Sowetan.

Hlongwane disse ao diário estar feliz “mas não sabia que o acto poderia criar tamanha violência (…) agora vivo com o medo de eu e a minha família sermos atacados”, mas garante que não vai abandonar a área.

Hlongwane e sua família são uma parte do contraste existente entre os moradores da zona, visto que uma residência multi-milionária pertencente ao Presidente Jacob Zuma está a ser erguida no meio de residências de baixa qualidade e numa zona desprovida de infra-estruturas básicas tais como escolas e hospitais.

Refira-se que o Governo sul-africano publicou há dias um relatório que inocenta Zuma no escândalo de uso de avultados fundos provenientes dos cofres do Estado na remodelação do sistema de segurança na sua residência de Nkandla.

Aguarda-se ainda pela publicação do relatório da Provedora de Justiça, Thuli Mandonsela, em torno deste assunto.

Resposta do ANC

O vice-presidente do ANC, Cryl Ramaphosa, veio a público nesta segunda-feira (13) condenar os actos de violência protagonizados pelos seus membros em Nkandla.

Ramaphosa considera que qualquer partido político deve sentir-se livre de efectuar a sua campanha eleitoral em qualquer canto do país, tendo ainda defendido a investigação dos incidentes antes de apontar os culpados.

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