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Autárquicas 2013: “Setenta porcento da população têm acesso a água” Eduardo Gimo, edil de Gondola

Autárquicas 2013: “Setenta porcento da população têm acesso a água” Eduardo Gimo

Eduardo Gimo, edil de Gondola, reconhece que a sua autarquia ainda deve enfrentar desafios para abraçar o desenvolvimento. O desemprego é um dos grandes males e, diz, que “a Saúde e a Educação devem ser encaradas com seriedade”. Até porque ainda existem crianças sem carteiras nas escolas. A edilidade adquiriu 400 carteiras, mas para colmatar a situação são necessárias 1.000 unidades. A distribuição de água melhorou bastante ao ponto, assegura, de ter deixado de ser um problema. As receitas próprias continuam a crescer, mas ainda são insuficientes para investimentos de grande envergadura…

(@Verdade) – Que balanço pode ser feita da actual governação municipal de Gondola quando faltam menos de seis meses para as próximas eleições autárquicas?

(Eduardo Gimo) – O nosso balanço é positivo. O programa quinquenal da nossa autarquia já foi cumprido em 97.2 porcento. Falta-nos, portanto, realizar as últimas tarefas, das quais a construção de um posto de saúde do T2. Ainda este mês vamos lançar a primeira pedra para a construção da rádio comunitária. A terceira tarefa foi realizada e entregue aos munícipes, que é o novo pavilhão do mercado. Portanto, nós começámos o primeiro mandato do nada. Não tínhamos instalações para as nossas actividades, nem sequer funcionários. Iniciámos com o próprio presidente e quatro vereadores. Recorremos ao governo distrital, o qual dispensou alguns trabalhadores para a limpeza e outros para fazer cobranças. A construção da morgue com o respectivo sistema de frio foi uma das grandes realizações aos olhos dos munícipes. Também construímos aquedutos e reabilitámos as vias de acesso. Asfaltámos a avenida principal da vila que é a Armando Emílio Guebuza. Demos um novo rosto ao cemitério.

(@) – Qual é o ponto de situação da gestão dos resíduos sólidos?

(EG) – Nós temos dois meios, um dos quais adquirimos e o outro foi herdado do governo distrital. Contudo, os mesmos não satisfazem as necessidades da vila. Tal situação levou-nos a planificar a aquisição de um terceiro tractor para podermos abranger os bairros. Neste momento não conseguimos dar conta da remoção dos resíduos sólidos nos bairros. Estamos neste processo e penso que daqui a um mês teremos um meio circulante. No entanto, olhando para a situação anterior à municipalização, podemos dizer que a gestão de resíduos sólidos melhorou bastante. A vila é agora mais limpa. Há, em alguns espaços, lixo acumulado que o tractor recolhe sempre que necessário.

(@V) – A vila debatia-se com problemas no que diz respeito ao abastecimento de água. O que melhorou com a municipalização?

(EG) – Tivemos problemas relacionados com o abastecimento de água, mas conseguimos resolvê-los. Todos os bairros já têm água. Energia também foi um problema que, felizmente, foi ultrapassado e todos os bairros dispõem de corrente eléctrica. Às vezes temos recebido reclamações relacionadas com a qualidade, mas é um problema que vem sendo ultrapassado paulatinamente.

(@V) – Qual é a percentagem actual de população com acesso aágua? (EG) – A percentagem actual é de 78 porcento. (@V) – … E energia?

(EG) – 68 porcento.

(@V) – Para efeitos de um balanço que considera positivo quais eram as percentagens quando iniciou este mandato?

(EG) – Tínhamos 30 porcento de cobertura no que diz respeito ao abastecimento de água. Em relação a energia estamos a falar de 15 ou 16 porcento.

(@V) – Este acesso a água na ordem dos 68 porcento significa água a jorrar nas torneiras dos quintais dos munícipes?

(EG) – Nós temos água canalizada do FIPAG e temos furos com as respectivas bombas. Para além disso, temos postos com um sistema melhorado.

(@V) – Quais são, efectivamente, as actividades em falta para falarmos de 100 porcento de cumprimento do seu manifesto eleitoral? (EG) –Apenas as três que citei anteriormente.

(@V) – De que forma são geridos os resíduos sólidos recolhidos na vil? Em algumas partes do mundo lixo significa dinheiro. O que se pode dizer disso em relação a Gondola?

(EG) – Não temos uma aterro sanitário. Temos uma zona onde o lixo é depositado, mas isso não é solução, uma vez que o volume do que se produz tende a aumentar. Neste momento estamos a desenvolver um trabalho conjunto com a Direcção Nacional do Ambiente para construirmos uma lixeira que sirva a cidade de Chimoio e a vila de Gondola.

(@V) – Qual é a situação económica da vila?

(EG) – A base de sobrevivência dos munícipes é a agricultura. Contudo, temos vindo a assistir ao crescimento do sector aviário. Há muita gente que se dedica à criação de frangos e outros animais de pequena espécie. Tivemos um bom ano agrícola.

(@V) – Qual é o valor em termos de receitas próprias do município?

(EG) – Em 2009, o nosso nível de receitas era de 60 mil meticais por mês. Portanto, em 2012 fizemos 3. 000. 000 de meticais. A receita anda em torno de 200 mil meticais.

(@V) – Portanto, os problemas por resolver carecem de muito mais fundos do que aqueles que a edilidade arrecada por via de impostos. Como é que se resolve esta situação?

(EG) – Até aqui há um equilíbrio entre a capacidade de realização e a financeira. Porquê? Com aquilo que fazemos ao nível local acrescentamos o subsídio que é canalizado pelo nível central. Portanto, o nosso plano anual é realizado em função disso.

(@V) – O comércio informal não cessa de crescer em Gondola. Como é que a edilidade olha para esse fenómeno?

(EG) – Nós temos vindo a encorajar. O município não tem nenhuma fábrica ou empresa como tal, capaz de absorver o grosso dos jovens que estão no desemprego. Portanto, encorajamos os munícipes para que façam os seus negócios. Os nossos mercados estão completamente cheios. Quando chegámos ao município as pessoas não tinham viaturas, mas agora as bicicletas estão a ser substituídas pelas motorizadas e estas últimas por viaturas.

(@V) – Embora não seja da competência do município houve alguma intervenção nos sectores da Educação e da Saúde?

(EG) – Os fundos que recebemos do Governo central, agregados aos que resultam das nossas receitas próprias, são usados em função das necessidades desses sectores. Portanto, na área de jurisdição municipal nós somos responsáveis por planificar em função das necessidades dos munícipes. Obviamente que isso é feito em sintonia com estes sectores. Os serviços ainda não estão entregues ao município. Construímos oito salas de aulas e entregámo-las à Educação. Portanto, salas de aulas e as respectivas carteiras. No sector da Saúde acontece o mesmo.

(@V) – Em Gondola não há escolas sem carteiras?

(EG) –Há escolas sem carteiras, mas essas são as que nós encontrámos. E mesmo essas beneficiam de algumas melhorias. Entregámos 400 carteiras, mas não é suficiente.

(@V) – Qual é a necessidade real em termos de carteiras?

(EG) – Não tenho em mente, mas não é menos do que 1.000 carteiras. Isso se as quisermos apetrechar devidamente.

(@V) – Algum plano para a implementação de serviço de transportes urbanos?

(EG) – O que existe em Gondola são os famosos chapa-100 que fazem o transporte Chimoio/Gondola e vice-versa. Com o crescimento da nossa mancha urbana as pessoas já começaram a pedir. Portanto, exigem transporte público que circule de bairro para bairro. Registámos a preocupação. Este ano a ideia é sensibilizar os transportadores. Já experimentámos colocar transporte dentro da vila, mas as pessoas não dispunham de meios. É, diga-se, complicado, uma vez que as pessoas exigem, mas depois não recorrem aos transportes disponibilizados.

(@V) – O município tem capacidade para investir na área dos transportes públicos?

(EG) – Não nos comprometemos. Esta é uma actividade singular dos próprios munícipes. Por enquanto a edilidade não se pode imiscuir. (@V) – Em condições normais o transporte público é subsidiado… (EG) – Nós ainda não chegámos a esse nível.

(@V) – O que o município tem feito para melhorar os assentamentos informais?

(EG) – Estamos num programa de requalificação dos bairros que consiste, nesta fase, na abertura de estradas, construção de salas de aulas e instalação de energia na via pública. Não tem sido fácil.

(@V) – Qual é a dificuldade?

(EG) – Os nossos bairros surgiram por causa da guerra dos 16 anos. As pessoas abandonavam as suas zonas de origem e ocupavam os espaços ao redor das vilas por uma questão de segurança. As instituições do Governo, nessa altura, não tinham como disciplinar a ocupação da terra. É uma ocupação que ocorreu ao longo de 16 anos e não se pode, de forma alguma, pretender-se que se resolva em tempo recorde. Mexer com os hábitos e costumes das pessoas não é tarefa fácil.

(@V) – Quais são os grandes desafios da vila de Gondola?

(EG) – Melhorar o sector da Educação. É preciso construir mais salas e apetrechar as mesmas. O sector da Saúde também é um grande desafio que precisa de ser encarado com a seriedade necessária. Algumas vias de acesso têm de sair da terra batida para a colocação de pavé. Temos também de diminuir o desemprego. Temos de conseguir ter uma escola técnica e industrial para absorver os jovens e terem uma alternativa de sobrevivência. Temos de fazer barulho para ter uma escola de género.

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