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Homens armados atacaram coluna militar entre Muxúnguè e o rio Save, centro de Moçambique

Homens armados atacaram coluna militar entre Muxúnguè e o rio Save

Pelo menos sete pessoas ficaram feridas após ataque um ataque de homens armados a primeira coluna de viaturas civis, escoltada por forças militares mistas (do exército e paramilitares), que saiu do posto administrativo de Muxúnguè em direcção ao rio Save, na Estrada Nacional nº1, na região centro de Moçambique, na manhã desta terça-feira (29

O ataque protagonizado por homens armados ainda não identificados aconteceu pouco depois das 7 horas, alguns quilómetros após a coluna ter partido de Muxúnguè, na região de Zove.

Segundo alguns viajantes, contactados pelo @Verdade, algumas das primeiras viaturas na coluna foram metralhadas, entre elas um autocarro de transporte de passageiros que ficou com os pneus furados e foi obrigado a parar.

Pelo menos cinco viaturas, que estavam na frente da coluna, seguiram viagem em direcção ao Save sem escolta militar, que entretanto foi obrigada a parar devido ao autocarro parado e para proteger as restantes viaturas civis.

Uma das viaturas foi um autocarro de transporte de passageiros que foi alvos dos tiros e onde dois passageiros ficaram feridos, “houve um ferido na perna e outro a bala passou de raspão na zona da orelha esquerda, foram socorridos no acampamento das FADM no rio Ripembe. Há relatos de mais danos nos carros que vinham atrás.” relatou um passageiro telefonicamente.

Segundo testemunhas algumas forças governamentais terão tentado encetar uma perseguição aos atacantes armados contudo estes desapareceram nas matas que ladeiam a EN1. Após troca de pneu no autocarro a coluna seguiu viagem em direcção a zona sul de Moçambique.

Entretanto alguns feridos, nas viaturas que foram obrigadas a parar, foram transportadas para o hospital de Muxúnguè onde receberam cuidados médicos. “Recebi dois doentes todos com feridas perfurantes por arma de fogo e fracturas com alguma gravidade, já estão estabilizados e encontram-se a receber tratamentos médicos” fonte médica no Hospital de Muxúnguè.

Ainda não há reacções oficiais sobre mais este ataque na Estrada Nacional nº1, o terceiro desde que as forças governamentais tomaram de assalto a base da Renamo em Sathunjira onde residia Afonso Dhlakama.

Contactado telefonicamente, o porta-voz da Renamo em Maputo, Fernando Mazanga, disse que não podia pronunciar-se sobre o ataque à coluna, nem sobre os tiroteios que se registam desde esta segunda-feira em Maríngue, porque, primeiro, ainda não recebeu ordem para tal e, segundo, porque não tem contacto com o seu líder, Afonso Dhlakama, que é uma das pessoas que podem fornecer informações em relação ao ataque.

Marínguesob fogo intenso

Já no distrito de Maríngue, onde se acredita ainda existir uma das mais importantes bases da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), as forças governamentais tomaram de assalto a sede política do partido de Afonso Dhlakama na tarde desta segunda-feira (28). Segundo vários residentes os confrontos armados, onde há registo de uso de armas pesadas, prolongaram-se durante a a noite e madrugada desta terça-feira.

“Ouvimos tiros durante toda noite (…) agora nós os homens estamos a tentar aproximar do centro da vila de Marínguè mas ainda estamos a ouvir tiros. Passámos a noite sem ter nada para comer, bebemos água de um riacho que existe próximo da zona onde nos abrigamos”, disse um jovem, que passou a noite no mato com a família.

O Governo, atarvés do Coronel Manuel Mazuze, Director Nacional Adjunto de Política de Defesa no Ministério da Defesa Nacional, confirmou a ofensiva no início da noite desta segunda-feira em Maputo “As forças de defesa e segurança, na sua acção de manutenção da defesa e da ordem, interpelaram uma posição da Renamo com homens armados que estavam preparados para fazer investidas tendo-se colocado em fuga as nossas forças perseguiram este homens e mais tarde montaram uma emboscada. Houve troca de tiros a emboscada foi repelida de seguida as forças armadas acabaram entrando em perseguição desses homens naquilo que é a base da Renamo em Maríngue que foi desmantelada, por volta das 13h48.”

Apesar desta ideia de aparente controlo do distrito de Maríngue, localizado na província de Sofala, no terreno os residentes vivem momentos de terror. Após passarem a noite refugiados nas matas esta manhã não puderam regressar as suas residências “quando tentamos ir para casa esta manhã buscar alguma comida e outras coisas de repente os FADM dispararam para o ar e nós voltamos para o mato (…) estão a queimar casa da população, outros soldados estão dentro das nossas casas (…) só a FADM é que está na vila sede de Maríngue (…) estão a disparar também armas pesadas, fazem muito ruído” relatou telefonicamente um residente de Maríngue.

Questionado pelo @Verdade sobre como estão a sobreviver há cerca de 24 horas sem alimentação o jovem, após passar uma noite fria no mato, para onde fugiu ontem cerca das 18 horas, com a sua família (que inclui um bebe de 9 meses), sem alimentos, água potável ou mesmo agasalho, lamentou com a voz embargada “senhor jornalista nós aqui não temos como, nós a falar assim parece que é uma brincadeira mas já que ainda estamos vivos e estamos a respirar quem sabe é mesmo Deus”.

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