Os dois tripulantes espanhóis, respectivamente o comandante e o contra-mestre do VEGA 5, Juan Alfonso Rey Alfonso Echeverria e Jose Alfonso Garcia Barreros, foram libertados sábado. Uma fonte da direcção provincial de Pescas de Sofala confirmou o facto à Reportagem na Beira do Canalmoz – Diário Digital e Canal de Moçambique – Semanário impresso.
A fonte, que reputamos fidedigna, não se identificou em virtude de o caso ser da alçada da empresa Pescamar, cujo director, Feliberto Manuel, estava incomunicável, quando tentamos abordálo com o propósito de confirmar as notícias que nos haviam chegado..
A notícia já foi confirmada pela Rádio Nacional de Espanha num despacho de Peres Alvarinho a partir de Coruña. A televisão oficial de Madrid também já confirmou. O navio VEGA 5 estava ao serviço da PESCAMAR, empresa hispano-moçambicana, quando foi sequestrado por piratas somalis a 27 de Dezembro.
Pescava a cerca de 20 milhas náuticas do Arquipélago do Bazaruto, quando foi interceptado por piratas somalis. Eram os dois únicos espanhóis a bordo do navio, mas encontravamse na altura com eles 22 marinheiros, na sua maioria moçambicanos. Apenas parte dos moçambicanos está já há algumas semanas a salvo e de novo na Beira, porto onde o VEGA 5 tinha o seu ancoradouro operacional.
A outra parte de moçambicanos continua “em parte incerta”, como refere membro do governo de Moçambique contactado ontem pela nossa Reportagem em Maputo. Segundo a Imprensa de Madrid os dois espanhóis ontem à noite ainda não estavam completamente a salvo mas encaminhavam-se para ponto seguro não identificado.
Os sequestradores mostraram imagens dos dois espanhóis vivos, a 26 de Abril, segundo a Imprensa espanhola. Sábado foram libertados em circunstâncias ainda não esclarecidas. Estiveram sequestrados 134 dias. Nem a família dos dois tripulantes, nem a Pescanova, multinacional espanhola que está associada ao Estado Moçambicano na PESCAMAR, explicaram até agora que meios usaram para que o capitão e o contra-mestre do VEGA 5 fossem libertados.
A rádio e televisão oficiais espanholas reportaram que se desconhece se houve negociações com os sequestradores. A nossa Reportagem, contudo apurou que os dois marinheiros, estão de boa saúde, foram transferidos para um navio da empresa espanhola Pescanova que está agora a navegar para um “porto seguro”, cuja identidade a nossa fonte não quis revelar “por razões de segurança”. “A operação não acabou”, dissenos a nossa fonte ao justificar o silêncio da empresa.
“O risco não acabou. O barco continua navegando em águas onde há piratas”. Os dois espanhóis foram libertados pelos piratas do navio de bandeira italiana, Caylin Savina, também sequestrado, este a 08 de Fevereiro.
Governo moçambicano não confirma libertação dos cidadãos espanhóis
Sobre a informação que dá conta da libertação dos dois (2) cidadãos espanhóis sequestrados em Moçambique, em Dezembro de 2010, no “Vega 5”, o Governo moçambicano não confirma nem desmente.
A reportagem do Canalmoz contactou na tarde de ontem o vice-ministro das Pescas, Gabriel Muthisse, para esclarecer este assunto bem como a dos moçambicanos que continuam desaparecidos. Muthisse disse não dispor ainda de qualquer informação que tem que ver com os cidadãos espanhóis. Disse que tudo quanto sabe é que – citamo-lo – “os dois espanhóis estão ainda em cativeiro com os piratas somalis”.
Contradição da informação do Governo
Os cidadãos espanhóis foram sequestrados juntamente com 19 moçambicanos e mais três (indonésios) no dia 27 de Dezembro de 2010, a 20 milhas do Arquipélago do Bazaruto, a norte da província de Inhambane. No dia 14 de Março de 2011, o ministro das Pescas, Victor Borges, anunciou que 13 moçambicanos tinham sido resgatados na embarcação ao serviço da PESCAMAR, “VEGA 5”, no mar arábico, a 600 milhas náuticas a oeste da costa da Índia, pelas forças da Marinha indiana.
O ministro disse que no momento do resgate, a bordo encontravam-se 74 pessoas, dentre as quais 13 moçambicanos tripulantes da embarcação “Vega 5”. Estes eram “forçados a actuar como piratas”. Quanto aos restantes tripulantes do “Vega 5”, Borges disse que não se sabia do seu paradeiro.
A outra versão
Ontem, o vice-ministro das Pescas, Gabriel Muthisse, trouxe outra versão. Disse ao Canalmoz que “os espanhóis foram mantidos em cativeiro pelos piratas. Não eram usados para a pirataria na Índia, por isso não foram resgatados” pela Marinha de Guerra indiana. Desconhece-se quem tripulava o VEGA 5 quando foi aprisionado pela Marinha de Guerra da Índia. Sobre os restantes moçambicanos que não foram resgatados, Gabriel Muthisse disse que o Governo desconhece o seu paradeiro.
“Tecnicamente dizemos que estão em parte incerta. Não sabemos da sua localização, diferentemente dos espanhóis que nunca foram usados como piratas”, disse o ministro. As famílias dos moçambicanos ainda desaparecidos aguardam pelas explicações oficiais do Governo quanto ao paradeiro dos marinheiros sequestrados a 27 de Dezembro de 2010.
Entretanto, relatos dos moçambicanos que regressaram ao país indicam que a embarcação onde se encontravam quando foram atacados e sequestrados pelas forças da Marinha indiana ficou totalmente destruída durante a troca de tiros, havendo a probabilidade de os desaparecidos terem morrido no local.