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SELO: Os analistas que nós temos – Por Wilson Nicaquela

Existe um grupo de moçambicanos urbanos ou urbanizados, que menosprezam o sofrimento de tantos outros nascidos nesta “antiga” pátria de heróis. Esse grupo pulula nas televisões, nas rádios, nos jornais e redes sociais a eufemizar e ensultar a dignidade daqueles que por imposição dos colonizadores, viram-se obrigados, também, a ser moçambicanos.

Sim, porque, eventualmente, essas pessoas poderiam ter pertencido a uma outra república que não seja esta, em que elas morrem não por uma GUERRA de armas, mas pelo CONFLITO MILITAR.

Eu que nunca tive “higiene” no discurso, sempre chamei de guerra, na minha língua materna, muita terminologia não é possível traduzir. Aliás, eufemismo é reservado a coisas de bom senso. Mas, “Ekotho” em emakua = Guerra ou no mínimo LUTA.

Chamei assim antes do Acordo Geral de Paz (AGP), chamei em 2013, chamei no dia 03/10/2015, na carta que fiz ao Chefe de Estado e sempre chamo aos actos que estamos a registar, como se diz em “alguns pontos do país”, como se nesses vivessem extra-terrestres.

Eu que não sou moralista, nem académico e muito menos formei-me em Ciências Políticas, Sociais ou Militares, sinto-me ofendido, os meus filhos e todo aquele que perdeu seu parente vítima destas barbáries incessantes, também.

Até quando iremos continuar a vilipendiar o sofrimento dos outros em detrimento duma convivência improvável no nosso país? Iremos continuar a usar aquele discurso de HAR, Conflito, ou crise política?

Pelo menos a Frelimo em Sofala já nos mostrou o “Iceberg” das matanças, 100 mortos declarados não é nada brincadeira, imaginem aqueles que ainda não estão declarados como óbitos.

Compatriotas, parem de nos torturar, psicologicamente, com essa vossa ciência mal apreendida, pois o conhecimento científico deve ser um valor socialmente construído para ajudar os cidadãos a mudarem de vida para o bem. Não continuem com esse falar-para-ninguém-ouvir, ou falar-para-alguém-chorar.

Ao invés de continuarem a fumigar nas televisões, nas rádios, nos jornais ou nas redes sociais, com as vossas experiências, marquem audiência no ESTADO MAIOR GENERAL, peçam armas e formem uma tropa de elite académica para acabarem, de uma vez por todas, com estes bandidos armados da RENAMO, sim, isso mesmo, acabar com bandidos, porque todo aquele que se esconde com armas fora do convívio para cometer atrocidades o seu nome é BANDIDO ARMADO.

Como podem estar, insistentemente, a enganar aos outros com discursos emitidos duma sala ventilada, onde não há guerra nem um simples conflito?

Os bandidos de 1977, insisto, começaram em Gorongosa e só saltaram o ZAMBEZE e SAVE depois da tomada da Casa Banana.

Estes bandidos renovados estão em todo lado e no meio de nós. Vocês que deviam apelar ao fim desta guerra emergem com uma eufemia triunfalista em prejuízo dos que nunca mais irão voltar. Por favor, não pensem com o dinheiro, coloquem o dinheiro no vosso pensamento.

Se hoje é MURRUMBALA, MURRUPULA ou MOGOVOLAS, amanhã pode ser Monapo. Por isso, eu também sou desses distritos.

O cantor Charifo Salimo dissera: “Se hoje é mangueira, se queimando, amanhã pode ser cajueiro”.

Quando chegar no teu bairro, vais ter consciência da dor.

Pensem nisso e um forte abraço.

Por Wilson Nicaquela

Psicólogo escolar e mestrando em Educação em Ciências de Saúde, Universidade Lúrio (UniLúrio), Campus de Marrere, Nampula-Moçambique.

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