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SELO: Mesmo “falidas”, mCel e LAM pagam milhares de dólares a angolanos e migalhas a moçambicanos – Por Dércio Tsandzana

Nas vésperas do concerto do músico Angolano, Matias Damásio, começaram a circular fotos nas redes sociais, fotos sobre a tabela remuneratória que regulou os “cachet” dos artistas que fazem parte do apelidado “Show do ano”, com passagem pelas cidades de Maputo e da Beira, entre 20 e 27 de Novembro passado. O propósito deste artigo não é uma mera comparação que irei a seguir fazer, mas, é preciso não se calar enquanto isso sucede. Ademais, não sou profissional da área e não percebo nada de marketing cultural, mas, escrevo como cidadão que se indigna com o que acontece na nossa música.

Fiquei estarrecido ao ver as disparidades existentes entre o artista principal (Matias Damásio) e os seus convidados. Ele (Damásio) vai receber 19x a mais do que um dos convidados, caso vertente os Djakas, ou seja, Damásio vai receber nada mais e nada menos que 20.000,00 dólares, enquanto os Djakas vão levar 1.000 dólares, porém, a justificativa de que Damásio trará a sua banda não procede, pois, o Stewart e a Mingas também actuam com banda.

Diante disto uma pergunta se coloca: será mesmo que os artistas nacionais valem apenas isso ou não tiveram capacidade de negociação? Contudo, é preciso perceber aqui que o facto de Damásio ser a figura principal lhe possibilita cantar mais músicas que os outros e isso influencia nas contas finais.

Outro pormenor de realce nesta análise é que com esses valores, a realidade económica dos nossos artistas é de total desespero e os mesmos não tem opção de escolha, pois, uma vez que vivem da música, se recusarem um determinado valor pode surgir um outro artista que com muito menos vai actuar em nome do estômago e da sua sobrevivência.

O mais gravoso em tudo isso é ver que nessa digressão de Matias Damásio estão lá duas grandes empresas públicas que apoiam esse evento, no caso vertente mCel e LAM. Mesmo que essas duas empresas estejam aqui a oferecer serviços e não necessariamente dinheiro, temos que lembrar que as mesmas foram recentemente visitadas pelo Primeiro Ministro e concluiu-se que estavam de rastos e praticamente falidas. São empresas (públicas) que oferecem-nos serviços precários e de baixa qualidade, mas, conseguem promover o seu marketing com artistas internacionais, em detrimento dos nacionais.

É ainda preocupante a inércia e a já conhecida incapacidade do Ministério da Cultura (Turismo) que já mudou de nomes várias vezes de governo para governo, mas, até hoje se mostra de uma profunda letargia e incompetência para defender a nossa música. Não sou pela defesa da “xenofobia” contra música estrangeira, mas, alguém deve arrefecer o apetite efervescente dos nossos promotores que fazem negócios de música de promovem a desigualdade entre os artistas.

Por Dércio Tsandzana

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