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SELO: Carta para ti amigo – Por Láilo Machava

Amigo, está tudo bem contigo? Por aqui mesma coisa! Escrevo- -lhe esta carta por falta de sms’s, crédito e megabytes! Como a minha vizinha vem para sua banda, aproveitei a boleia, porque nem dinheiro para “chapa” tenho. As coisas andam más por aqui. Perdi o meu emprego, depois de dois meses sem salário. O patrão disse que é por causa da crise. Sabes mano, até pode ser possível! Aqui em casa falta tudo. A minha esposa já começou a esconder muito o telemóvel e o número de chamadas e mensagens recebidas subiu devido à crise.

Ainda ontem, sumiu um pato em casa do vizinho, justamente agora que estou desempregado! Já deves imaginar para que lado foram as fofocas da vizinhança. Sabes, mano, ontem pensei em suicidar-me, mas para a minha tristeza, a crise levou até a corda!

Eu tinha planos de construir uma casa, ainda este ano. Lembras que tudo andava bem e o rand andava por volta dos três meticais e pouco, o que me permitia ter madeira a um bom preço e assim poder revender? Mas fora isso, mano, quem está construir se não os privilegiados?

Mano, tudo subiu de preço e até morrer está caro! Desculpa- -me, se receber a carta molhada, e entenda, é que escrevo com minhas próprias lágrimas e se a caligrafia parecer umas minhocas é que escrevo com mãos trémulas. E se parecer azeda é porque as palavras me caiem do coração.

Mano, vejo na televisão, muitos a dizer que a solução para esta crise está na produção! Tens visto as barrigas dos que dizem isso? Os carros em que se fazem transportar? As fotos nas redes sociais?. É possível produzir num país onde o Governo cria políticas para desaceleração da produção e impulsiona a importação e com ela o consumo do produto externo, em benefício dos chefes e dos seus pares?

Alguns atribuem a culpa aos ataques da Renamo! Mano, em 2013 e 2014, já não estávamos neste conflito? Te faltava pão, arroz, peixe carapau, frango, salário e a quantas andava o dólar? E o rand? Mano, vou parar por aqui e para a semana mando outra carta! Podes entregar alguns quilogramas de arroz, óleo e peixe seco à senhora ai? Tapioca também.

Um abraço do teu eterno amigo.

Por Láilo Machava

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