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SELO: Carta aberta ao ministro do Interior Jaime Monteiro – Por Odala Khuinda

Endereço-vos os mais sinceros desejos de uma boa saúde e também às vossas famílias. Que no ano recentemente iniciado haja mais sucessos, tudo de bom e, acima de tudo, que Deus esteja convosco.

Escrevo esta carta em jeito de choro e clamo pela justiça em relação a inúmeros, crimes com destaque para os roubos e assaltos a cidadãos e residências, na cidade de Nampula. O clima de terror e medo que se vive na urbe atingiu o seu apogeu. Ora vejamos:

Os mercados de Waresta e Faina, pequenos centros de comércio, se assim posso chamá-los, tais como as padarias Cipal e Nampula, os CFM, a vulgarmente conhecida Rotunda do Hospital Central; o Prédio da Jamila e as lojas de alimentos espalhadas por toda a cidade são locais de ocorrência de assaltos frequentes protagonizados por pessoas aparentemente destemidas. Nesses lugares por vezes não há nenhum agente da Polícia e por mais que sejam guarnecidos os polícias não passam de espantalhos, medida em que pouco ou nada fazem.

Excelência, a cidade de Nampula está abandonada à sua sorte, porque o pouco trabalho que é apresentando em comitivas de imprensa não passa de discursos. Não se pode com isso menosprezar alguns feitos alcançados. Serei redundante ao dizer, por exemplo, que no cruzamento padaria Cipal, principalmente nos horários de ponta, os camiões são assaltados à luz do dia.

Isto acontece todos os dias e quero acreditar que a Polícia sabe disso, visto que o local fica a menos de um quilómetro para a primeira esquadra da Polícia. Hoje, os malfeitores inovaram os seus artifícios e recorrem a motorizadas para arrancarem bolsas, carteiras e telefones celulares aos munícipes. A cidade não dispõe de vigilância suficiente para se refrear o crime. Os poucos agentes afectos a alguns desse sítios são corruptos famintos cujo objectivo é encher.

O discurso televisivo do comandante-geral da Polícia, Jorge Khalau, é um verdadeiro insulto e falta de respeito ao povo, sobretudo aos citadinos de Nampula. Precisamos de um trabalho sério da Polícia nesta urbe. A vossa existência como Ministério do Interior visa garantir o cumprimento da Lei e Tranquilidade Pública.

O senhor Abel Nuro, que é o nosso comandante provincial em Nampula, não sabe o que acontece nesta cidade? É triste o que se passa e o pior é que parece que ninguém se preocupa em fazer alguma coisa para mudar esta situação. Diz-se que não é educado comparar gente, mas nos tempos do comandante Weng San pelo menos havia um pouco de paz. Senhor Abel Nuro, o que é que está a fazer com o seu comandante da cidade, para além de gozar as regalias e uma boa vida em nome de um povo desprotegido?

Olhando um pouco além fronteira, podemos tomar os exemplos de alguns países da África Central, do norte e os do médio oriente, onde os crimes de roubo são exemplarmente punidos. Com isso não se pretende dizer que o crime acabou mas há poucos casos registados. A inoperância da Polícia naquela que é a terceira e maior cidade de Moçambique pode levar as populações a agirem por conta própria contra os malfeitores.

Queremos polícias que não se deixam vender por moedas e que não passam o tempo a fiscaliza bilhetes de identidades com propósito de extorquir cidadãos desenformados, ignorando por completo o seu dever de patrulhar. A maior parte dos policiais desta cidade estão comprometidos com criminosos e não com a defesa dos cidadãos.

Excelência, uma parte significativa dos criminosos na cidade de Nampula são protegidos por policiais corruptos e eu pude testemunhar assaltos a cidadãos na presença de policiais e o mínimo que tem acontecido é fingirem que nada aconteceu. Um colega foi assaltado numa madrugada por dois homens que trajavam fardamento da Polícia. Na altura, a vítima dirigia-se à paragem da padaria Nampula para apanhar um transporte.

Provar estes relatos é simples, basta mandar homens disfarçados de cidadãos comuns/indefesos nos locais públicos acima mencionados e garanto que em menos de uma hora no local Irão registar o que digo ou capturar certos ladrões. Para acabar com estes actos ou minimizá-los basta haver vontade. Os crimes e criminosos encontram-se nas ruas e não é preciso ter nenhum investimento tecnológico para presentar soluções ao povo. O que eu disse ainda não é metade do que passamos em Nampula. Termino na esperança de que o grito chegue ao destinatário e a preocupação seja levada em consideração.

Por Odala Khuinda

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