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SELO: 54 Anos de virgindade – Por Bento Faustino

Sou uma das onze filhas do meu pai Moçambique, também herdeira do colonialismo português. Sangue negro corre nas minhas veias, mas mesmo assim não escondo da nostalgia que sinto dos meus dez irmãos que me tratam como forasteira.

Falam tanto dos meus defeitos como se não tivesse uma beleza em mim,nem se quer dão me o direito de me defender, sempre que vou a casa dos meus irmãos jogam na minha cara, irmã vives tão longe que não vamos poder visitar – te, eu resignada digo com uma voz sombria, obrigado.

Como toda mulher, desde jovem sempre tive o sonho de ter um marido que pudesse investir em mim e juntos darmos uma vida condigna aos nossos filhos. Porém esses sonhos vem sendo desmoronados pelos meus irmãos que mentalizaram e continuam a martelar em todos os homens que a minha casa não passa de uma terra deplorável.

Sou escrava do meu próprio destino, há anos que prometem – me dar estradas para ir ao encontro dos meus filhos, que paulatinamente estão a ver – se devidos pela falta de vias de acesso. Por mais que os meus irmãos desgastem – me com as suas palavras, vejo em mim um potencial de mulher que se vai perdendo sem nenhum homem possuir, e por vezes me pergunto será que não existe um homem tão aventureiro capaz de fazer – me sentir mulher?

Mais de cinco homens que me casei, nenhum deles conseguiu erguer uma casa de banho, recentemente o meu esposo foi condenado, lágrimas embranqueçam o meu rosto por ter acreditado que um Yao (Jaua) igual a mim concretizaria os meus desejos.

Agora que me falta somente um ano para que os meus filhos possam dar – me mais um marido, sinto que o meu ajaua não passou de um conquistador que fez – me acreditar que iria minimizar a poera do verão que sempre gole sobre o meu corpo sempre que vou a casa dos meus filhos Namacula, Chiuaula, N’zinge, Popular, Muchenga, Sanjala, entre outros.

O meu sobrinho que tanto almeja ser doutor, todos os dias deve passar por estas ruas em busca da sua formação, branquejem – me lagrimas sempre que me deparo com a rua que vai a Universidade Pedagógica (UP), quando chove o dilema é mais duro porque até a lama inala no seu pobre corpo.

Parabéns a cidade de Lichinga pelo seu quinquagésimo quarto aniversário a categoria de cidade.

Por Bento Faustino

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