Milhares de apoiadores do presidente islâmico deposto do Egito, Mohamed Mursi, marcharam por bairros do Cairo e de outras cidades nesta sexta-feira para exigir seu retorno ao poder, ignorando advertências de que as forças de segurança abririam fogo se os protestos se tornassem violentos.
Embora a maioria dos protestos tenha transcorrido sem grandes incidentes, uma fonte de segurança disse que pelo menos seis pessoas morreram, e a polícia disparou gás lacrimogéneo contra manifestantes no distrito de Mohandiseen, no Cairo.
A fonte de segurança acrescentou que pelo menos 50 pessoas ficaram feridas em todo o país e que foram realizadas mais de 20 prisões. O gabinete do governo divulgou um comunicado após os protestos dizendo que quem ignorou o toque de recolher teria de enfrentar consequências legais.
Depois de uma relativa calmaria após a prisão de muitos líderes da Irmandade Muçulmana, os protestos desta sexta-feira foram o maior desafio dos partidários de Mursi ao governo apoiado pelos militares desde os confrontos de duas semanas atrás, em que centenas de manifestantes foram mortos.
O governo apoiado pelo Exército prendeu a maioria dos líderes da Irmandade Muçulmana, da qual Mursi faz parte, desde que o presidente foi derrubado, em 3 de julho.
Forças de segurança reprimiram diversos protestos, mas não conseguiram silenciar o movimento que governou o Egito durante um ano. Os manifestantes desta sexta-feira parecem ter escolhido realizar inúmeros protestos espalhados e evitar as maiores praças do Cairo, onde a polícia e tanques estão posicionados, ou locais de protestos anteriores, como os acampamentos pró-Mursi onde as forças de segurança mataram mais de 600 pessoas em 14 de agosto.
Logo após as orações desta sexta-feira, cerca de 500 manifestantes saíram da mesquita Sahib Rumi, no centro do Cairo, entoando: “Acorde, não tenha medo, o Exército tem que sair!”, e “O Egito é islâmico, não é secular!”.
No meio da tarde, milhares de pessoas marcharam em vários outros bairros e subúrbios do Cairo. Soldados se juntaram a policiais de capacete em uniformes pretos e coletes à prova de bala, armados com armas de gás lacrimogêneo e fuzis semiautomáticos, em vários pontos perto dos protestos.
As forças bloquearam o acesso a uma das pontes sobre o Nilo. Marchas de tamanho semelhante foram realizadas em Alexandria, no litoral, em várias cidades do Delta do Nilo, nas três cidades do Canal de Suez: Suez, Ismailia e Port Said, e em outros locais.