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Salário mínimo é um tormento para as famílias em Nampula

O trabalhador moçambicano que recebe o salário mínimo, em diferentes ramos de actividades laborais, é completamente incapaz de assegurar a subsistência de um agregado familiar composto por cinco membros, durante 30 dias, enquanto espera pelo próximo vencimento. Na realidade, este operário, cujo ordenado não compra tão-pouco um cabaz completo, é mensalmente confrontado com a mesma situação: encontrar fórmulas matemáticas que, apesar do exíguo ordenado, garantam pelo menos uma refeição por dia aos seus dependentes.

Segundo o secretário-geral da Organização dos Trabalhadores Moçambicanos – Central Sindical (OTM-CS), Alexandre Munguambe, há empresas que, não obstante estarem a registar algum incremento nos seus rendimentos, continuam a pagar aos seus funcionários mensalidades abaixo ou igual ao salário mínimo em vigor no país, o que impede ao trabalhador de aumentar a produção e a produtividade.

Neste contexto, a reportagem do @Verdade, aqui em Nampula, fez uma ronda pelos principais mercados da cidade levando consigo dois salários mínimos de diferentes sectores de trabalho para uma simulação de aquisição de um cabaz mensal correspondente a uma família de cinco membros, na qual só o pai trabalha. Hipoteticamente, ele recebe um destes ordenados: 2.300 e 6.171,20 meticais para os ramos do Caju e das Actividades Financeiras.

Na primeira simulação, o @Verdade colocou o chefe da família a fazer compras, com 2.300 meticais, dos seguintes produtos alimentares: arroz (25kg) cujo preço varia de 650 a 800 meticais, mas optou sempre pelo preço menor; farinha de milho (25kg), 420 a 500 meticais; frango (5kg x 140 meticais); feijão manteiga (5kg x 30meticais?kg); óleo alimentar (5Litros) a 280 meticais; uma lâmina de peixe a 870 meticais; cebola (5kg x 20 meticais); tomate (5kg x 30 meticais).

Antes de completar as compras, um embaraço sobrepõe-se às contas: os 2.300 meticais são insuficientes para garantir que a sua família tenha tudo o que gostaria de ver na sua despensa. Começa o jogo de cortes de modo que, infalivelmente, esses produtos existam em casa. Mas o que diminuir se tudo é necessário?

Obviamente, esta família fica também sem dinheiro para comprar energia eléctrica, carvão e pagar água, nem para pão durante os tais dias. Os produtos de higiene pessoal como colgate e sabonete viram um sonho estonteante. O transporte para o chefe da família e mais dois filhos que estudam algures numa escola secundária, onde para irem e voltar precisam de 20 meticais cada, por dia, também fica hipotecado.

Na segunda simulação, nota-se que a diferença nas compras é mínima porque esta família, embora aufira 6.171,20 meticais mensais, também não consegue ter o básico para sobrevier sem tantas preocupações enquanto aguarda pelo outro salário. As dificuldades são quase as mesmas, ou seja, muitas despesas ficam sem cobertura.

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