A Rússia informou, este Sábado (12), que apoia o enviado internacional de paz Lakhdar Brahimi, mas insistiu que a saída do presidente sírio, Bashar al-Assad, não pode ser uma pré-condição para negociar o fim do conflito no país.
Um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, emitido após negociações com Estados Unidos e Brahimi, Sexta-feira – a quem o governo sírio classificou de “claramente tendencioso -, reiterou os apelos para o fim da violência na nação, onde mais de 60 mil pessoas morreram desde Março de 2011.
Num encontro de Genebra com Brahimi e o vice-secretário de Estados dos EUA, William Burns, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Bogdanov, “expressou firme apoio à missão de Brahimi como enviado da ONU e da Liga Árabe na Síria”.
Mas Assad parece mesmo ter sido o centro do encontro. Os Estados Unidos, as potências europeias e os estados árabes insistem que o presidente precisa de renunciar para acabar com a guerra civil.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou: “como antes, nós apoiamos firmemente a tese de que as questões sobre o futuro da Síria devem ser decididas pelos próprios sírios, sem interferência externa ou imposição de receitas de desenvolvimento preparadas previamente”.
A Rússia é a potência que mais tem apoiado Assad durante os quase 22 meses de conflito. Ao lado da China, o país bloqueou três resoluções no Conselho de Segurança da ONU – apoiadas pelo Ocidente e por países árabes – que tinham a intenção de pressionar Assad ou tirá-lo do poder. Em Genebra, a Rússia pediu por um “processo político de transição”, baseado num acordo entre potências internacionais firmado em Junho passado.
Brahimi, que tenta estabelecer o acordo firmado em Genebra a 30 de Junho, encontrou-se três vezes com diplomatas russos e norte-americanos desde Dezembro, e conversou com Assad em Damasco.
A Rússia e os EUA discordam sobre o que o acordo de Junho significava para Assad. Washington diz que o tratado foi um claro sinal de que o presidente deveria renunciar, mas Moscovo não vê dessa forma.
Em Washington, a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Victoria Nuland, afirmou que houve progresso para se chegar a um ponto comum durante o encontro da Sexta-feira, mas não deu maiores detalhes.
Moscovo diz que não está a defender Assad e, com os rebeldes a ganharem terreno na guerra, deu indicações de que está a preparar-se para a possível saída dele do poder. Contudo, os russos insistem que ele não deve ser derrubado por potências estrangeiras.