A Rússia proibiu por cinco anos a entrada de um jornalista norte-americano que é crítico ao presidente Vladimir Putin, uma medida que pode prejudicar as relações com os Estados Unidos e lembra a época da Guerra Fria.
O tratamento dado por Moscovo a David Satter pode aumentar as preocupações sobre a liberdade de expressão antes da Olimpíada de Inverno de Sochi em Fevereiro, embora Putin tenha tentado apaziguar as críticas ao libertar o ex-magnata do petróleo Mikhail Khodorkovsky e as integrantes da banda punk de protesto Pussy Riot antes dos jogos.
O Ministério das Relações Exteriores russo afirmou, esta terça-feira, que Satter, autor de três livros sobre a Rússia e a União Soviética, foi impedido de retornar à Rússia no mês passado depois de uma violação grosseira das regras do visto.
“Como alguns de vocês sabem, eu fui expulso da Rússia”, escreveu Satter no Twitter. “É a primeira explicação para minha expulsão que qualquer um recebeu em três semanas. É também falsa”, disse ele ao descartar a versão do governo russo para o episódio.
Tais expulsões tem sido raras desde o final da Guerra Fria e o colapso da União Soviética em 1991. Mas o ministério rejeitou a sugestão feita pela mídia ocidental de que a medida contra Satter teve motivação política, chamando-a de “tendenciosa”.
Ex-correspondente em Moscovo para o Financial Times, Satter voltou à capital russa no ano passado como assessor da Radio Free Europe/Radio Liberty, uma emissora financiada pelo governo dos EUA.
Num dos seus livros, Satter acusa o Serviço de Segurança Federal russo, sucessor da KGB da era soviética, de ser responsável pelos ataques a bomba contra prédios de apartamentos russos em 1999, em que mais de 300 pessoas morreram.
O SSF, chefiado por Putin antes de ele tornar-se primeiro-ministro e depois presidente, negou as acusações. As autoridades russas culparam os separatistas da Chechénia, no Cáucaso do Norte, pelos ataques. Os crimes nunca foram solucionados.