As autoridades russas detiveram um navio do Greenpeace e ameaçam formular acusações criminais contra ativistas do grupo, depois que escalaram a primeira plataforma de petróleo russa no mar do Ártico.
Segundo o Greenpeace, integrantes da guarda costeira armados abordaram a embarcação, o Arctic Sunrise, e a apreenderam na quinta-feira, um dia depois de dois ativistas terem sido arrancados da lateral da plataforma Prirazlomnaya, de propriedade da gigante estatal de energia Gazprom e aprisionados.
O Serviço de Segurança Federal afirmou que o navio, registrado em Amsterdã, estava sendo rebocado para Murmansk, onde não deve chegar antes de segunda-feira. O órgão informou que havia 27 pessoas a bordo, incluindo quatro cidadãos russos.
A unidade regional do Comité Investigativo da Rússia disse estar a estudar a possibilidade de indiciar ativistas por pirataria, delito que pode levar a uma pena de até 15 anos de prisão. O Serviço de Segurança Federal negou a afirmação do grupo de defesa do meio ambiente de que o navio estava em águas internacionais quando foi apreendido.
O Greenpeace tinha como objetivo chamar a atenção para a ameaça ao frágil ecossistema do Ártico, com a expansão da exploração de petróleo na área. A entidade informou que não teve nenhum contato com a tripulação por muitas horas e que as autoridades da polícia danificaram o equipamento de comunicações do navio.
Na quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que o protesto do Greenpeace “foi provocativo e agressivo e tem a marca de atividade extremista que poderia causar a morte de pessoas e outras consequências graves”. E acrescentou que convocou o embaixador holandês para apresentar uma reclamação.
Para o Greenpeace, a verdadeira ameaça para a região não era seu navio de campanha, mas a exploração de energia de modo imprudente.
“A segurança dos nossos ativistas continua sendo a nossa prioridade e estamos a trabalhar muito para ficar a par do que eles enfrentam”, disse o chefe do grupo para a campanha sobre o petróleo do Ártico, Bem Ayliffe, num comunicado. “Eles não fizeram nada para merecer esse nível de agressão e foram totalmente pacíficos em toda parte.”
A Gazprom recusou-se a comentar o assunto. A Rússia considera uma prioridade a difícil exploração dos recursos da região e a produção da reserva de Prirazlomnoye está prevista para começar no final deste ano, depois de atrasos que a Gazprom atribuiu a questões técnicas. A expectativa é atingir o pico de produção de 6 milhões de toneladas por ano (120 mil barris por dia) em 2019.