Mais de 60 pessoas se encontravam desaparecidas nesta quarta-feira, dois dias depois do acidente que devastou a maior central hidrelétrica da Rússia, na Sibéria, onde as famílias das vítimas se debatem entre a indignação e o desespero.
O saldo atual é de 13 mortos, 15 feridos e 62 desaparecidos, informou o ministro das Situações de Emergência, Serguei Shoigu. As equipes de mergulhadores e robôs continuam fazendo seus trabalhos de resgate nas frias águas da central Sayano-Shushenskaya, na região de Jakasia (Sibéria), 4.300 quilômetros a leste de Moscou, na última tentativa de encontrar os operários que teriam sobrevivido à catástrofe ao se refugiarem em bolsas de ar.
O pessoal de resgate elaborou o saldo de 62 desaparecidos com base na informação das famílias dos empregados que não voltaram para casa depois do acidente. “Estamos procurando pessoas vivas. Ouvimos ruídos”, declarou o representante local do ministério de Situações de Emergência, Alexandre Kressan. “Não temos nem um minuto de respiro.
Tenho uma equipe de 16 mergulhadores que trabalham noite e dia”, acrescentou. Enquanto isso, a população aumenta suas críticas ás autoridades pela lentidão em divulgar as informações sobre a sorte dos desaparecidos, 48 horas depois do acidente. As famílias dos desaparecidos exigiram explicações sobre o que está acontecendo, durante uma tensa reunião com representantes das autoridades locais no centro cultural de Cheriomushki. “Não queremos segredos. Se meu filho está morto, eu quero saber.
Eu estava no necrotério ontem à noite, e ninguém quis me dizer nada”, protestou Viktor. “Segunda-feira, houve um fluxo constante de informações que semearam pânico e só conseguimos apaziguar a situação á tarde, quando explicamos o que estava acontecendo”, declarou Shoigu.
“As notícias ruins se espalham rapidamente e as boas, lentamente. Não estamos escondendo nada de ninguém”, afirmou. Os acidentes no setor energético da antiga União Soviética são frequentes. Mas o número de vítimas potenciais desta catástrofe na Sibéria é excepcional.
O acidente foi atribuído inicialmente a uma elevação brusca da pressão da água em uma das dez turbinas da central, que teria provocado um “choque hidráulico” e destruído grande parte do edifício, mas outras pistas estão sendo estudadas.
A tese de um atentado terrorista ficou descartada, e as autoridades repetem desde segunda-feira que a população local não corre nenhum risco.