Desde o início do ano a esta parte, pelo menos três pessoas foram assassinadas nas cidades de Maxixe, Inhambane e vila de Homoíne, num raio de cerca de 50 Km. A população local alega que os assassinatos estão relacionados com tráfico de órgãos humanos. Por outro lado, pelo menos 5 viaturas foram roubadas nas garagens e parques de estacionamentos das cidades de Maxixe e Inhambane, algo que não era hábito acontecer, principalmente na capital provincial de Inhambane, uma das cidades mais seguras do país.
A Reportagem do Canalmoz apurou na província de Inhambane, que o primeiro assassinato deu-se em finais de Janeiro do ano corrente, próximo de campo de futebol de Nhanguila, no município de Maxixe, quando um jovem identificado por Gildo Pascoal foi encontrado morto, com os seus órgãos genitais extraídos e depois o corpo atirado na Estrada Nacional Número Um, simulando-se um atropelamento.
De acordo com fontes familiares, por esta situação ter acontecido na noite de uma sexta-feira, o corpo foi várias vezes pisado por carros e quando foi descoberto na madrugado de sábado já não tinha uma parte dos órgãos. “No troço Lindela (desvio para a cidade de Inhambane) e Macuamene (5 quilómetros da cidade da Maxixe no sentido Sul), instalou-se uma espécie de “recolher obrigatório”.
Segundo os testemunhos populares no período da noite às vezes aparecem pessoas transportando-se em viaturas. Estacionam num local, criam amizades, pagam bebidas, petiscos e nalgumas vezes usam mulheres como iscas para suas vítimas”, contou uma vendedeira de “Joaquim Moriane”, uma esquina muito movimentada aos finais de semana. Contou ainda que os supostos assassinos de Gildo, horas antes teriam estado naquele local. Fazendo-se transportar numa viatura turismo, cor vermelha e matrícula não revelada, estacionaram naquele lugar, consumiram bebidas alcoólicas e a uma dada hora apareceu uma mulher com quem a vítima esteve a conversar por muito tempo. “Não percebi como é que depois saíram. Estavam todos na mesma mesa e parecia uma família. Mas, estranhamente, no dia seguinte acompanhamos que a pessoa que estava a conversar com eles foi morta e atirada na estrada. Fui ver, e quando lá cheguei, até o presidente do Município da Maxixe, Narciso Pedro, acabava de sair do local onde as equipas médicas do Centro de Saúde da Maxixe e da Policia de Investigação Criminal estavam a remover o corpo”, lembrou.
Segundo o Canalmoz o segundo caso aconteceu no povoado de Mafuiane, na localidade de Golo, distrito de Homoíne, quando um indivíduo, identificado apenas por Alcides, arrastou um seu sobrinho de 17 anos, estudante da Escola Secundária 25 de Setembro de Homoíne, para algures em Inharrime, onde viria a ser morto numa situação estranha. Das diligências efectuadas, acabaria por confirmar o desaparecimento físico do sobrinho. Já nas mãos das autoridades policiais, do posto de Mafuiane, Alciduane, como é conhecido localmente, acabaria por se escapulir sem deixar rasto.
Os populares afirmam que no seu sumiço, estiveram em jogo 200 mil meticais que corromperam a Polícia. Fontes ouvidas pelo Canalmoz em Mafuiane afirmam que a mudança do estilo de vida de Alcides espantou aquele povoado. De um simples explorador de uma banca de compra e revenda de coco, pulou para uma loja e proprietário de duas viaturas, uma das quais luxuosa.
O terceiro caso deu-se no bairro de Inhapossa, no Município de Inhambane – “Inhambane Céu” – onde há três semanas um jovem foi encontrado sem vida, próximo da estrada que se inicia na cidade de Inhambane e vai até ao entroncamento com a Estrada Nacional Número Um em Lindela. Os residentes de Inhapossa continuam aterrorizados e dizem ser o primeiro caso de género naquela zona.
Na sexta-feira da semana passada, a reportagem do Canalmoz deslocou-se ao Comando Provincial da PRM, em Inhambane, para perceber o que é que está por detrás destes crimes hediondos. O porta-voz da PRM em Inhambane, Fortunato Maque, não estava. Disse-nos telefonicamente que nada podia responder porque estava de férias. Indicou-nos ao Chefe das Relações Públicas, Armindo, mas este também se mostrou indisponível para o efeito tendo-nos remetido à comandante provincial, Arsénia Massingue, que naquele momento estava reunida.
Entretanto, um grupo de ladrões foi neutralizado a semana passada na Maxixe depois de arrombar e roubar uma viatura numa residência. “Démarches para a captura dos restantes membros do grupo decorrem”, disse a Polícia local. Há dias uma viatura de marca Land Crusier, pertença da Direcção Provincial da Agricultura de Inhambane, foi roubada na instituição. Os casos desta natureza estão a surgir na província de Inhambane onde a segurança sempre foi um dado adquirido.