
Contava 73 anos. À data da sua morte, Almirón estava a ser processado por alguns assassinatos que o Triplo A perpetrou entre 1974 e 1976, como por exemplo o do bebé de seis meses Pablo Laguzzi – filho de Raul Laguggi, então decano da Faculdade de Direito de Buenos Aires –, do deputado nacional Rodolfo Ortega Peña e do subchefe da polícia da capital argentina, Julio Troxler.
O Triplo A foi um grupo terrorista criado durante o Governo do superministro de Bem-Estar Social, José López Rega, em que quem ocupava a presidência era Maria Estela Martínez, viúva de Perón. O grupo tinha por objectivo eliminar a ala esquerdista do peronismo, encarnada pela Juventude Peronista e pela organização guerrilheira Montoneros.
Almirón Sena havia sido exonerado da Polícia Federal por suposta conivência com ladrões de delito comum, mas em 1974 “Isabel” reincorporou-o nesta força junto do seu sogro, o comissário José Ramos Morales, e destinou a ambos tarefas sujas.
O Triplo A iniciou as suas actividades terroristas com um atentado à bomba contra o então senador radical Hipólito Solari. Desde então executou entre 800 a 1000 atentados, sobretudo contra membros da oposição política e da guerrilha, ameaçando ainda particularmente intelectuais e artistas.
Em meados de 1975, no meio de enormes protestos populares contra o plano económico denominado “Rodrigazo”, López Rega – chefe político do Triplo A –, abandonou o Governo e foi enviado por “Isabel” para Espanha com o cargo de embaixador plenipotenciário, junto de Morales e Almirón.
Almirón foi localizado em 1983 quando trabalhava na segurança de Manuel Fraga, na época líder da Aliança Popular. A descoberta suscitou um enorme escândalo e Almirón teve de deixar o trabalho nesse partido. Em Novembro de 2006, o jornal espanhol “El Mundo” reencontrou-o a viver num apartamento subsidiado pela Comunidade Valenciana. Finalmente, em 2008, a Espanha extraditou-o para a Argentina para que prestasse contas à Justiça do seu país, facto que, todavia, nunca veio a suceder.