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Rios Zambeze e Chire em alto risco de pirataria marítima

Os rios Zambeze e Chire estão em “alto risco de pirataria” susceptível de minar as relações diplomáticas com estados vizinhos, particularmente, Malawi, segundo alerta o engenheiro José Lopes, investigador do Centro de Estudos Sociais Aquino de Bragança da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

Segundo ele, as questões de segurança e ambientais de âmbito nacional e regional são desafios para os quais Moçambique deve encontrar soluções duradouras, pois, nos próximos oito anos, prevê-se um “aumento sem precedentes” no tráfego marítimo no Canal de Moçambique por mais de seis mil mega-navios, ou seja, petroleiros, graneleiros e mineiros, incremento a ser derivado da intensa actividade de produção e exportação do carvão mineral de Tete.

Para Lopes, os riscos poderão surgir numa altura em que a zona costeira de Moçambique estará densamente povoada e normalmente navegada por pequenas embarcações de pesca, recreio e de pequena cabotagem, “colocando a zona em alto risco de pirataria marítima”.

As advertências deste pesquisador foram feitas no decurso de um workshop organizado pela Agência dos Estados Unidos da América para o Desenvolvimento Internacional (USAID) subordinado ao tema 2020-Maritime Impacts on the Channel of Moçambique.

Segundo ainda ele, no Vale do Zambeze e no hinterland estão em curso passos que sugerem essa preocupação, acrescentando que, ainda que seja prematuro realizar cálculos geopolíticos rigorosos com relação à situação actual no Zimbabué e o fluxo das suas exportações de minérios para a Europa e América do Norte, a situação poderá levar este país a optar preferencialmente por rotas atlânticas como Walvis Bay, na Namíbia, usando os corredores Trans-Caprivi ou Trans-Kalahari.

Ainda nos seus cálculos, Lopes sugeriu que o cenário actual implica duplicação do número de navios mineiros no Canal de Moçambique nos próximos tempos, tendo como consequência o crescimento exponencial da exportação de carvão na ordem de 63 milhões de toneladas por ano, excluindo novas demandas oriundas da África do Sul, Botswana e Zimbabué.

Desenvolvimento sustentável do Zambeze

Vários oradores no referido encontro convergiram, entretanto, na necessidade de se implementar um plano de desenvolvimento sustentável para o Vale do Zambeze, aproveitando o ímpeto da “economia de recursos”, por meio de projectos-âncora de exploração de minerais que teriam como impacto a identifi cação de oportunidades de investimento para produção ou exploração, refinação, transporte e comércio por novos actores destes projectos.

Concordaram também que a criação de uma “infra-estrutura tronco”, composta por linhas-férreas, energia, gás, água e portos abriria portas à identifi cação de oportunidades em termos de infra-estrutura para exploração ou produção das mesmas.

Eles sugeriram assim “uma boa coordenação” intersectorial e com o hinterland, defendendo em seguida o uso mais intensivo das infraestruturas dos corredores para atender a estas novas demandas nascidas da colateralidade dos fluxos de investimento que surgirão devido ao potencial económico evidente em sectores de alto impacto na economia local, como a agricultura, processamento agrícola, entre outros.

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