O grupo mineiro anglo-australiano Rio Tinto anunciou nesta quarta-feira (30) ter chegado a acordo com o consórcio estatal indiano International Coal Ventures Private Limited (ICVL) para a venda da Rio Tinto Coal Mozambique pelo valor de 50 milhões de dólares norte-americanos. Fazem parte dos activos da Rio Tinto Coal Mozambique os projectos carboníferos Zambeze e Tete Oriental e também 65% da mina de Benga, todos localizados na província de Tete. Estes activos haviam sido adquiridos pela Rio Tinto em 2011 à Riversdale Mining Limited por 4,1 biliões de dólares norte-americanos.
Em comunicado, no seu sítio na internet, a Rio Tinto informa que a operação financeira, cujo acordo foi assinado na segunda-feira(28) na capital indiana, deverá estar concluída no terceiro trimestre de 2014 “apesar de ainda estar sujeita a aprovação das autoridades reguladoras”.
O consórcio ICVL, constituído pelas empresas estatais indianas Coal India, Steel Authority of Índia, National Thermal Power Corporation (NTPC), National Mineral Development Corporation (NMDC) e Rashtriya Ispat Nigam Limited (RINL), foi criado para adquirir e explorar em regime de parceria carvão de coque, outros minerais e bio-energias e esta é a primeira aquisição que a International Coal Ventures Private Limited efectua desde que foi constituída em 2009.
Recorde-se que no início de 2013 a Rio Tinto, o segundo maior grupo mineiro mundial, anunciou anunciou uma revisão em baixa dos volumes de carvão metalúrgico explorado em Moçambique, alegando constrangimentos na capacidade de escoamento em Moçambique, onde as suas contas foram afectadas em cerca de dois mil milhões de euros e ficarão abaixo do previsto devido à falta de capacidade de infraestruturas de transportes do país.
O transporte através do rio Zambeze do carvão de Tete para os portos do Índico foi chumbado pelo Governo moçambicano e a actual linha-férrea não tem capacidade para escoar a enorme produção das minas em Tete. Na altura, o presidente do grupo, Jan du Plessis, reconheceu que “uma redução desta dimensão é inaceitável”.
Esta decisão da Rio Tinto de desfazer-se dos seus investimentos no carvão de Moçambique é uma dura perda nas ambições do nosso país em tornar-se num dos maiores exportadores mundiais. Moçambique possui a segunda maior reserva de carvão do Mundo.
O preço do carvão mineral no mercado internacional tem estado em queda, devido a vários factores, há dois anos o preço da tonelada de carvão se situava em 250 dólares no mercado internacional, actualmente a mesma quantidade está cotada em cerca de 100 dólares.
Mas o que encarece os custos de operação das empresas que exploram minas de carvão no nosso país é a precária rede de transporte rodoviário e ferroviário assim como a distância para os portos de escoamento, o que encarece os custos de produção.
Algumas publicações financeiras indicam que a mineradora brasileira Vale também está a procura de comprador para parte dos seus activos carboníferos em Moçambique.
Moçambique é actualmente o quarto maior exportador de carvão térmico para a Índia, depois da Indonésia, África do Sul e Austrália. É o terceiro maior exportador de carvão de coque para a Índia, depois da Austrália e os Estados Unidos da América.
O nosso país exportou, em 2013, cerca de 4 milhões de toneladas de carvão metalúrgico, com as multinacionais do ramo da mineração Vale e Rio Tinto entre os principais produtores de carvão no país.