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Revista Tempo volta às bancas

Três anos depois da sua última edição, a revista Tempo estará de volta às bancas. A cerimónia do seu relançamento aconteceu esta semana, num dos hotéis da capital.

O evento, que contou com a presença de membros do Governo e de antigos jornalistas, coincidiu com a celebração dos 40 anos de existência da revista, que agora reaparece com uma nova cara, aliando a antiga imagem a um grafismo actual e moderno.

O seu conteúdo será garantido por um grupo de vários jornalistas conceituados da praça e um vasto leque de especialistas de áreas como Sociologia, Antropologia, Economia, História, entre outras.

A primeira edição da Tempo saiu à rua em Setembro de 1970 e, por sua vez, a última em Junho de 2008. Depois de um longo período de produção, em 2000, a Tempográfica, empresa proprietária, foi privatizada e alguns anos depois começou a registar problemas financeiros.

Quando foi criada há quarenta anos por um grupo de profissionais de Imprensa, na altura conhecidos por “Os Democratas”, descontentes e amargurados com o estado da informação da época, aqueles pensaram em criar um jornal.

Mas, um meio que informasse e não fizesse obstrução à informação, que falasse da linguagem saudável e necessária, que defendesse aquilo que era tido como vontade da maioria, no caso concreto do povo, mesmo quando tinha que ser feito contra os interesses políticos e económicos.

Segundo consta no seu primeiro editorial, até 20 de Setembro de 1970 quando foi lançada a primeira edição, a empresa contava comcerca de 50 profissionaisafectos às mais diversas áreas de trabalho.

“Somos hoje, já não um pequeno grupo de românticos sonhadores com as mãos vazias, mas um grande, um imenso conjunto de vontades, perfeitamente consciente do seu destino: a nossa organização envolve já investimentos da ordem de milhares de contos e trabalham nela em regime de tempo integral cerca de 50 profissionais dos mais diversos ramos ligados à revista”, lê-se no documento.

A partir de 1975, ou seja, após a independência nacional e o advento das nacionalizações, a publicação passou a pertencer ao Estado moçambicano e a servir como um instrumento de propagação e disseminação de ideais pró-governamentais da época do partido único. Este período é tido nalguns círculos da opinião pública como a fase crucial no desempenho daquela que foi a maior revista de grande informação de Moçambique.

Os muitos milhões de páginas da história do país foram na sua maioria produzidos nessa era. Desse repertório constam informações que vão desde a proclamação da independência, a 25 de Junho de 1975, passando pelas decisões tomadas nos congressos do partido Frelimo, o processo da Ofensiva Política e Organizacional que culminou com a privatização das “lojas do povo”, os dramas vividos nas aldeias comunais com as habituais rusgas domiciliárias nocturnas, as duras leis do período revolucionário responsáveis pelo descontentamento de muitos cidadãos, as peripécias das nacionalizações das infra-estruturas coloniais, os ataques à Matola pelas forças armadas sul-africanas em Janeiro de 1980, os contornos do Acordo de Inkomati em 1984, os conteúdos dos comícios populares, a morte do primeiro Presidente do Moçambique independente, Samora Machel, em Outubro de 1986, ainda os acordos de paz em 1992, culminando com os últimos acontecimentos que se deram no país até 2008, ano em que saiu à rua a última edição.

Neste regresso, a vertente da nova Revista Tempo será o mercado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e será distribuído em Angola, Moçambique, Cabo Verde, Portugal e Brasil, onde conta com colaboradores. Com 60 páginas, a mesma traz artigos ligados à política nacional, economia, investimentos, área social, desporto e cultura e terá uma tiragem de 15 mil exemplares.

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