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Resultado eleitoral não atenua pressão sobre a Espanha

A eleição de um novo governo conservador não foi suficiente para atenuar a pressão dos mercados sobre a Espanha, e esta terça-feira o Tesouro foi obrigado a pagar os maiores juros em 14 anos na venda de títulos públicos. O leilão de papéis de curto prazo era visto como o primeiro teste para a capacidade do primeiro-ministro-eleito, Mariano Rajoy, de tranquilizar os investidores, depois de o seu Partido Popular (PP) conquistar no domingo a mais expressiva vitória eleitoral no país em 30 anos.

Mas o rendimento médio dos títulos com vencimento em três meses mais do que duplicou em um mês, passando de 2,3 por cento para 5 por cento. Os juros pagos no papel de seis meses também dispararam para mais de 5 por cento – em vez dos 3,3 por cento praticados em outubro.

A Espanha está agora no centro da crise do euro, que se agrava a cada dia, e o resultado do leilão aumentou os temores de contágio. As bolsas europeias registraram queda pelo quarto pregão consecutivo, e os juros nos papéis italianos de curto prazo também tiveram alta. O fracasso do leilão também significa que Rajoy será mais pressionado a apresentar detalhes dos seus planos econômicos – algo que ele se recusou a fazer na noite de segunda-feira, para frustração dos mercados.

O novo governo ainda levará quase um mês para tomar posse, por causa de prazos previstos na Constituição. “Rajoy precisa apressar as medidas. O mercado não lhe dará muito tempo”, disse um influente executivo bancário espanhol, pedindo anonimato.

A agência de classificação de crédito Fitch disse que o futuro governo deveria apresentar já os termos gerais das medidas de austeridade que pretende implantar para cortar o déficit. “Ele deve surpreender de forma positiva os investidores com um programa ambicioso e radical de reformas fiscais e estruturais”, disse a agência.

A plataforma eleitoral do PP era escassa em detalhes, e Rajoy preferiu durante a campanha salientar os erros do atual governo do Partido Socialista, que levou a maior surra eleitoral da sua história. O desemprego em torno de 20 por cento – maior índice da zona do euro – contribuiu de forma decisiva para a vitória da oposição. Mas, independentemente do que o governo fizer, analistas dizem que a crise na zona do euro já se tornou sistêmica, e que sua solução não cabe mais a países individuais.

Itália e Espanha – respectivamente a terceira e quarta maiores economias da união monetária – estão tendo de se financiar com juros próximos a 7 por cento, nível que levou Grécia e Portugal a pedir socorro internacional.

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