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Resgate no Fundo do Mar

Como submarinos-robôs encontraram novos destroços do voo 447 da Air France a quase 4 km de profundidade e podem ajudar a esclarecer o acidente ocorrido em 2009.

Já se passaram quase dois anos desde que o Airbus A330 da Air France caiu no Oceano Atlântico, enquanto fazia o trajecto entre Rio de Janeiro e Paris.

Inicialmente, apenas os corpos de 50 das 228 vítimas a bordo da aeronave foram encontrados, mas descobertas próximas ao arquipélago de São Pedro e São Paulo, no nordeste de Fernando de Noronha, revelaram a presença de mais destroços da aeronave na semana passada, além de um número não divulgado de restos mortais.

O achado é fundamental para as investigações do caso porque pode ajudar a esclarecer as circunstâncias da tragédia e levar alento a centenas de familiares que ainda não puderam enterrar os seus entes queridos.

A descoberta só foi conseguida graças ao uso da tecnologia de Veículos Submarinos Autónomos – uma classe de pequenos robôs submarinos controlados remotamente, capazes de analisar as áreas mais profundas e inacessíveis no fundo do oceano.

Desenvolvido pela Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI) em parceria com os escritórios de pesquisa e oceanografia naval dos Estados Unidos, o submarino Remus 6000 é considerado uma das mais modernas ferramentas de exploração marítima disponíveis.

Equipado com sensores não muito diferentes dos encontrados num smartphone, como GPS e sistema de navegação inercial, o Remus 6000 é utilizado principalmente no mapeamento do fundo oceânico para empresas petrolíferas ou de exploração mineral.

Acrescido de ferramentas adicionais, como câmara de vídeo e sonar 3D, o veículo torna-se um aliado poderoso em missões de busca como a do avião da Air France.

A combinação das diferentes tecnologias de mapeamento, somada à análise das características oceânicas, garante uma avaliação bastante precisa da área explorada pelo Remus 6000, gerando mosaicos de imagens capturadas tanto por câmaras como por sonar.

Os recursos tecnológicos possibilitam investigações em áreas mais profundas do oceano – os destroços do Airbus da Air France foram localizados a quase quatro quilómetros da superfície, distância recorde em buscas desse tipo.

Para entender melhor a dimensão do mergulho, é preciso lembrar que os equipamentos tradicionais de exploração submarina alcançam, em média, apenas 50 metros abaixo da superfície.

O resgate do Airbus também será feito por robôs-submarinos e, devido ao ineditismo do caso, a fragilidade dos destroços preocupa as autoridades francesas. A área onde os restos do avião se encontram, a 3.900 metros, é considerada um dos factores de maior risco na recuperação dos corpos das vítimas.

A janela de quase dois anos entre a queda do avião ea sua recuperação também preocupa, por causa do efeito do tempo na decomposição. Mas o grupo comandado pelo governo francês alimenta esperança no facto de que, a quase quatro quilómetros da superfície, a temperatura do oceano chega bem próxima do zero, favorecendo a conservação.

O submarino Remus 6000 tem um preço estimado de 23 milhões de dólares – valor considerado baixo em relação aos seus benefícios garantidos, principalmente no caso das explorações comerciais.

Ainda assim, é possível encontrar modelos menores e mais simples da ferramenta, também fabricados pela empresa americana Hydroid. O Remus 100, por exemplo, é utilizado pela Marinha americana no rastreamento de minas marítimas.

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