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Resgatados 1,5 milhões de meticais enterrados no Chimoio

Uma Cooperativa de Poupança conseguiu resgatar 1,5 milhões de meticais enterrados em latas e caixas em Chimoio, Manica, Centro de Moçambique, e iniciou o financiamento de projectos através de crédito rotativo.

Manuel Magonagona, gestor da Cooperativa de Poupança, disse que num ano e meio a iniciativa conseguiu recuperar o dinheiro, embora tenha havido numerosas dificuldades, pois muitas pessoas resistiam a libertar o dinheiro guardado em casa, para depositarem na instituição e assim gerar rendimentos.

“Não era de esperar que na cidade houvesse tanto medo das pessoas usarem os bancos para guardar os seus rendimentos. Então, foi preciso um trabalho de sensibilização até que as pessoas passaram a entender a necessidade de pôr o dinheiro a render na cooperativa”, disse Manuel Magonagona.

A população de Manica, sobretudo de distritos longínquos, Mossurize, Machaze (Sul) e Tambara (Norte), continua a enterrar dinheiro em latas e caixas, única alternativa usada para conservação da moeda na zona, na sequência da falta de agências bancárias, motivada basicamente pela falta de infra-estruturas.

Das 600 pessoas abrangidas inicialmente pela Cooperativa, de vários bairros de Chimoio, a capital de Manica, apenas 200 se mantiveram no programa, que, além de poupança, também administra contabilidade simplificada e facilita o acesso bancário aos seus membros.

“Muitos nem queriam saber de guardar dinheiro em agências bancárias. No fim de cada ciclo de poupança, tínhamos de devolver o dinheiro em mão, com todos os riscos de assaltos. Conseguimos convencê-los e agora só entregamos os comprovativos bancários e a pessoa administra sozinha a sua conta”, explicou Manuel Magonagona.

A rede bancária em Manica, com 12 agências, abrange apenas quatro dos dez distritos da província, a maioria dos serviços concentrados na capital, Chimoio.

Efeito BCI

Um acordo com o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), detido por bancos portugueses, ajudou na abertura de contas dos membros, que também acederam aos serviços de segurança social.

A iniciativa da Cooperativa de Poupança enquadra-se na Campanha Nacional de Promoção da Poupança, lançada em 2011 pelo Presidente moçambicano, Armando Guebuza, no sentido de a população aderir à poupança formal, para dinamizar a economia do país.

A campanha governamental, que se estende até 2015, apela à população para que poupe para “minimizar a crise financeira” e tornar o país “sustentável”, além de “assegurar a redução e reversão do défice fiscal”, contribuindo para a formação da poupança interna.

“Geralmente no Verão assistíamos a casas (cobertas de capim) a arder, devido a queimadas, e por vezes muito dinheiro também ardia. Aderir à cooperativa facilita que o futuro dos seus filhos também esteja garantido, pois entra para uma poupança formal”, disse Isabel Augusto, que aderiu à iniciativa, durante a 1.a gala de poupança da Cooperativa.

“É muito difícil guardar dinheiro em casa, porque, além de não rentabilizar, pode correr-se o risco de o perder, por roubo ou que se danifique, embora ainda tenha desconfiança dos serviços bancários. Os juros da poupança são muito baixos, mas o dinheiro já tem segurança”, disse Zaida Ricardo, que também aderiu ao programa.

Vitorina Tondo, supervisora da Agência de Desenvolvimento de Manica (ADEM), que presta assessoria na área financeira da Cooperativa, disse haver necessidade de uma gestão rigorosa, para a sustentabilidade e credibilidade do programa.

“Os programas de poupança e crédito rotativo estão a fazer evoluir a economia das pessoas, por isso é que há muita gente a entrar para estas iniciativas”, disse Vitorina Tondo.

A ADEM apoia 2000 grupos de associações, com sete mil membros nas províncias de Manica e Sofala, onde já disponibilizou dois milhões de meticais para as pessoas desenvolverem projectos e iniciarem a poupança.

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