A República Centro-Africana está à beira do colapso e a crise está a ameaçar espalhar-se para além de suas fronteiras, disseram altos funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira ao pedirem ao Conselho de Segurança que ajude a financiar e apoiar uma força de paz da União Africana.
A ex-colónia francesa sem saída para o mar, um dos lugares mais pobres do mundo, está mergulhada no caos desde que rebeldes Seleka tomaram o poder do presidente François Bozize há quatro meses, provocando uma crise humanitária no coração da África.
Este ano, a União Africana transformou uma missão de manutenção de paz regional de 1.100 homens, conhecida como Micopax, numa nova força de paz maior. O número de tropas mais que triplicará, chegando a 3.600 membros, e terá um mandato da UA para proteger civis, ajudar a estabilizar o país e restaurar o governo.
“A União Africana solicitou apoio financeiro, logístico e técnico. Recomendamos ao conselho prestar este apoio. Também recomendamos uma melhor adaptação da missão da ONU (política) à situação atual”, disse o enviado da ONU à República Centro-Africana, tenente-general Babacar Gaye.
A União Africana e a ONU pretendem enviar em breve especialistas à República Centro-Africana para avaliar exatamente o que é necessário, e diplomatas da ONU disseram que, com base nesses relatórios, o Conselho de Segurança poderá responder com uma resolução.
Gaye e o secretário-geral adjunto da ONU para os Direitos Humanos, Ivan Simonovic, sinalizaram ao Conselho de Segurança que a força da União Africana não seria suficiente para combater a crise na República Centro-Africana, que faz fronteira com seis outros Estados.
“Uma força muito maior e mais diversificada em nível nacional é necessária para garantir a segurança e proteger a população”, disse Simonovic. “Essa força também impediria grupos rebeldes estrangeiros, como o Exército de Resistência do Senhor ou grupos extremistas islâmicos, de encontrar um refúgio seguro no país.”
A chefe de Ajuda Humanitária da ONU, Valerie Amos, afirmou que o país estava à beira do colapso e que cada um dos 4,6 milhões de habitantes do país, metade dos quais são crianças, foi afetado pela crise. Cerca de 1,6 milhão deles estão em extrema necessidade de ajuda. Mais de 206 mil pessoas foram deslocadas internamente e cerca de 60 mil fugiram para países vizinhos.
“É fundamental para a manutenção da segurança das operações humanitárias que a missão da UA tenha recursos e apoio logístico para operar de forma eficaz”, disse Amos ao Conselho de Segurança, formado por 15 países. “O fracasso em agir agora poderia não só prolongar e agravar as péssimas condições que o povo da República Centro-Africana tem de suportar, mas também poderá fazer com que a crise se espalhe para além de suas fronteiras e por toda uma região que já enfrenta enormes desafios”, disse ela.