O maior partido da oposição em Moçambique, Renamo, considera que o informe anual sobre Estado da Nação apresentado, no passado dia 19 do mês prestes a findar, pelo Presidente de República (PR), Armando Guebuza, é desajustado da actual realidade do país e peca por ser não uma “réplica de lamentações populares” e não apresenta possíveis soluções para os problemas do país.
A posição da Renamo foi divulgada esta segunda-feira (30), em Maputo, onze dias depois da apresentação do informe na Assembleia da República (AR). O porta-voz do gabinete do presidente da “Perdiz”, António Muchanga, foi quem deu a conhecer a posição do partido. Confrontou os principais pontos levantados pelo Chefe do Estado no informe e apresentou os pontos de vistas da Renamo.
Muchanga explicou, por exemplo, que com a paridade que se exige na composição dos órgãos eleitorais, pretende-se que “haja equilíbrio entre as duas maiores Forças Políticas” (Renamo e Frelimo), pois “não faz sentido termos um Partido que ganhou eleições roubando com supremacia nos órgãos eleitorais”, em alusão ao partido no poder. A posição do PR sobre a questão da paridade apresenta, segundo afirmou, tendências claras de manipular a opinião pública.
No seu informe, o Chefe do Estado considerou inconcebível que os órgãos eleitorais sejam constituídos com base na paridade uma vez que a Frelimo e a Renamo não são os únicos partidos no país. Existem vários (mais de 50) e não é possível integrá-los todos nestas instituições.
Diálogo
Relativamente ao diálogo político com o Governo, a Renamo contra-ataca e acusa o Executivo de Armando Guebuza de estar a “entreter as forças vivas desta sociedade” pois não se explica que durante 24 rondas as partes não tenham conseguido chegar ao consenso.
Entretanto, Guebuza no informe afirmou que o impasse que se verifica no diálogo resulta do facto de a Renamo pretender transformá-lo num processo de imposição de exigências, o que o Executivo não iria aceitar.
Ainda sobre o diálogo, a Renamo entende que a questão da mediação e observação nacional e internacional afiguram-se necessárias sobre tudo desde o dia 17 de Outubro, “quando o governo decidiu usar as Forças Armadas como meios de combate contra a RENAMO e o seu Presidente”.
O partido de Dhlakama acusa o Governo de ter pedido, através do Primeiro-Ministro, Alberto Vaquina, apoio à Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e aos adidos militares de alguns países acreditados em Moçambique na “luta conta a Renamo. Tal facto, defende, foi o canal usado para a “internacionalização” desse conflito que se regista principalmente na província de Sofala, centro do país e ao longo da Estrada Nacional Número Um (EN1).
A Renamo nega a posição do Presidente Guebuza, segundo a qual os militares que se encontram na zona de Santhundjira e Maringuè visavam impor a autoridade do Estado naquela zona e defende que os ataques perpetrados por tais militares nesta regiões “são movidos pela ambição pelo poder, sangue e o desprezo por outrem do Chefe do Estado,” pois este ordenou os ataques, mesmo sabendo que a maioria do povo e do seu governo são contra o uso da força militar para problemas políticos.
No que tange a redistribuição de rendimento no país, o quadro sénior de Renamo esclareceu que existem em Moçambique vários grupos com destaque para alguns “membros do Governo e seus familiares que abocanham todas as oportunidades de negócios, empregos e facilidades.” O segundo grupo, apontou a fonte, é de alguns membros do partido no poder que recebem os famosos sete milhões e por último a maioria do povo que se limita aos benefícios proporcionados pelos serviços de Saúde, Educação, Estrada e Pontes.