A Renamo afirma que os seus homens foram atacados com armas pesadas no passado sábado (10) e domingo (11), na província central de Sofala, por forças militares e paramilitares governamentais. O porta-voz do maior partido da oposição em Moçambique disse ainda que os seus homens reagiram aos ataques e causaram 36 vítimas mortais e 37 feridos entre os militares das FADM e agentes das FIR.
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Entretanto o Comando Geral da Polícia desmente o ataque mas confirma troca de tiros onde perdeu a vida um militar e um outro ficou ferido.
“Na verdade na manhã do dia 10 de Agosto uma patrulha nossa na zona de Pondja foi confrontada no seu processo de trabalho com um contingênte da Renamo o que levou a uma situação de troca de tiros. No processo de troca de tiros, não protagonizado por 250 homens fortemente armados como porta voz da Renamo quis dar a entender (…) não reconhecemos corpos abandonados no local. Na verdade nós tivemos um ferido ligeiro e tivemos um ferido grave que veio a parecer, um colega das Forças Armadas de Defesa de Moçambique” afirmou o porta-voz da PRM Pedro Cossa que acrescentou que não foram abandonadas armas de fogo nem foram realizadas “segundas tentativas” de ataques no dia seguinte e acrescentou a existência de uma vítima mortal do lado dos homens da Renamo.
Renamo lamenta mortes em tempo de paz
Em conferência de imprensa nesta terça-feira (13), em Maputo, Fernando Mazanga esclareceu que um contingente de 225 militares das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e agentes das Forças de Intervenção Rápida (FIR), atacou com armas pesadas homens da segurança da Renamo na região de Pondja, no posto administrativo de Múxùngue, distrito de Chibabava, no centro de Moçambique.
Segundo a fonte os homens da Renamo foram alertados do ataque das forças governamentais pela população local e “homens amantes da paz” tendo se preparado para a “recepção da estranha e macabra visita.”
Na sequência do ataque, e encontrando resistência por parte dos homens da Renamo, “as forças do Governo da Frelimo saíram em debandada, tendo deixado no terreno cadáveres, armas Ak 47, munições e rocketes de RPG7, vulgo bazuka,” narrou o porta-voz da Renamo que acrescentou que do lado dos seus homens não houve baixas.
Segundo Mazanga a Renamo não tem orgulho pelas baixas nas forças governamentais “lamenta que mais de 20 anos depois dos entendimentos de Roma tenhamos que regar o solo pátrio com sangue no lugar de adubos e fertilizantes que nos trariam comida”.
Este é o segundo ataque, de conhecimento público, entre forças governamentais a homens armados da Renamo que desde o passado dia 20 de Junho do corrente ano se posicionaram mais próximos na Estrada Nacional nº1, a única via terrestre que conecta o Sul ao Centro e Norte de Moçambique, alegadamente alargando o perímetro da segurança do líder do partido, Afonso Dhlakama, que desde de finais de 2012 reside na região mais concretamente em Sathundjira.
Questionado acerca do material bélico abandonado pelas forças governamentais Fernando Mazanga disse “se calhar eles hão de vir pedir as armas” e frizou que os seguranças continuarão a “agir em legítima defesa, por enquanto não tem nenhuma acção de ataque a não ser a que garanta a sua defesa e a defesa do património histórico da Renamo”.
Renamo quer a Paz
Na mesma conferência de imprensa, Fernando Mazanga reafirmou que o país não está em guerra “mas o governo esforça-se por criar essa imagem para de seguida usar a propaganda enganosa e influenciar a opinião pública sobre aquilo que a Renamo não é com o fito de colher dividendos políticos e eleitoralistas”.
“Todo mundo sabe porque é que o Governo da Frelimo ataca a Renamo, o estranho da situação é o mutismo do Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança e Chefe de Estado moçambicano, Armando Emílio Guebuza, que nada faz para parar com a morte dos nossos jovens” disse ainda o porta-voz da Renamo que noutra passagem referiu que o líder do partido faz um apelo ao Presidente Guebuza para que dê ordem para os seus comandantes pararem os ataques para que a paz prevaleça em Moçambique.
Segundo Mazanga, a Renamo não está em condições de desenhar qualquer cenário futuro relativamente a esse assunto, mas reitera que a sua aposta no diálogo e nas negociações para resolver qualquer defendo com o Governo. “A Renamo não sabe qual é o propósito de Governo com esses ataques. Não sabemos se o Governo alia esses ataques as eleições, às negociações do Centro de Conferência Joaquim Chissano”, sublinhou Mazanga.
O porta-voz da Renamo voltou a manifestar a disponibilidade do líder do partido em encontrar-se com o Chefe de Estado mas que esse deverá ser um encontro que garanta resultados palpáveis. “A qualquer momento o presidente Afonso Dhlakama está disposto e disponível para se encontrar com o Presidente da República com quanto haja uma agenda concreta que tenha sido iniciada no Centro de Conferencia Joaquim Chissano para se ultrapassar os impasses ou discutir algo de concreto que não tenha alcançado consenso no diálogo” referiu Mazanga que concluiu que o encontro deverá ter substrato concreto pois “estamos cansados e encontros de aperto de mãos para a impressa”.
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Presidente Guebuza afirma que não pode forçar Renamo a participar nas eleições
Na tarde desta terça-feira, o Chefe de Estado, Armando Guebuza, afirmou que o Governo tem feito tudo para que as negociações com a Renamo, que decorrem a mais de dois meses em Maputo, tenham resultados positivos e que vai continua a trabalhar no sentido de fazer com que a Renamo participe em todos os processos eleitorais mas sublinhou que não pode ser o seu Governo a forçar a Renamo a participar.
“Nós continuaremos a trabalhar para em diálogo a Renamo não ficar fora, mas só podemos fazer isso, não podemos fazer mais. Continuaremos pacientemente a trabalhar para que a Renamo não fique de fora do processo, mas para entrar no processo só pode ser ela (a Renamo) a entrar, não podemos ser nós a força-la” enfatizou o Presidente da República no final de mais uma presidência aberta em Changara, na província central de Tete.
Recorde-se que o prazo de inscrições de partidos políticos interessados em participar na corrida eleitoral pela gestão das 53 autarquias terminou no passado dia 6 de Agosto e a Renamo não se inscreveu, materializando, desta feita, a sua promessa de boicotar este processo.
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