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Renamo afirma que os seus homens armados são um grande perigo à paz

A Renamo adverte que o país poderá conhecer momentos muito conturbados nos próximos tempos causados pelos seus ex-guerrilheiros que, neste momento, estão sem comando, uma vez que o líder do partido, Afonso Dhlakama, ora em parte incerta, perdeu o controlo sobre eles. Para Arnaldo Chalaua, chefe da bancada parlamentar deste partido, esta situação deriva da tentativa do Governo de regressar ao monopartidarismo, mas assegura que a “Perdiz” não irá parar de lutar pela democracia.

Este aviso foi dado pelo porta-voz da bancada da Renamo, Arnaldo Chalaua, em entrevista ao @Verdade, durante a qual admitiu que, neste momento, não existe nenhuma estratégia ou mecanismo ao nível do partido para evitar que os homens armados que se encontram nas matas protagonizem ataques bélicos a quem quer que seja. Assim, argumentou Chalaua, se o Governo, ao executar o ataque contra o líder da Renamo, na sua residência em Sathunjira, pretendia “preservar a paz”, acabou por criar mais condições para a instabilidade política no país, pois os homens armados da Renamo estão sem comando.

“Estamos agora numa maior ameaça à paz,” disse no momento em que explica que quando os homens armados da Renamo eram orientado pelo presidente Dhlakama era tudo muito simples e fácil, porque eles obedeciam ao seu comando. “Os ânimos militares são sensíveis. E porque estão em locais que ninguém sabe sem orientação do presidente tornam-se extremamente perigosos. Neste momento, não temos nenhum mecanismo de controlo destes homens.” Chalaua como que a querer mostrar a gravidade da situação, recordou que aquando da assinatura do Acordo Geral da Paz (AGP) o seu presidente ordenou que os seus homens parassem de atacar e eles obedeceram. “Agora ele não tem como dar essa ordem, porque está a ser caçado e os que fazem isso esquecem-se de que ele é um interlocutor válido para a manutenção da paz em Moçambique.”

Diante dessa situação, entende o porta-voz da bancada da Renamo que o Presidente da República, Armando Guebuza, devia chamar a consciência para si e deixar de lado algumas regras e protocolos, “humilhar-se perante os moçambicanos” e concordar em criar mecanismos válidos para um diálogo sério capaz de ultrapassar as diferenças. “Não pode, o povo moçambicano, ficar refém de três pontos da legislação eleitoral,” disse. Aliás, relativamente ao diálogo político que decorre entre o Governo e a Renamo e que ainda está ao nível das delegações, Chalaua, de forma peremptória, disse que não há razões desta continuar, pelo menos, a este nível porque as duas equipas já provaram ser incapazes de alcançar consenso.

Guebuza perdeu o controlo da situação por ganância

Para a Renamo, o ataque à residência da Afonso Dhlakama e o discurso apresentado oficialmente pelo Governo relativamente a este assunto, segundo o qual aquela investida não foi ordenada pelo Chefe de Estado é uma evidente demonstração de que Armando Guebuza também perdeu o controlo sobre as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, pois, de outro modo, teria sido ele a determinar que estas atacassem.

Esta situação é, entretanto, originada pelo excesso de ganância por parte do Presidente Guebuza, pois este, ao invés de procurar o seu possível sucessor, uma vez que está no final do seu mandato, está a criar formas de se perpetuar no poder. Para Chalaua os impasses e o suposto carácter rígido da delegação governamental no diálogo com a Renamo resulta das instruções dadas pelo Presidente da República. “O poder é apetitoso, sobretudo numa altura em que se anuncia a existência de muitos recursos mineiras por explorar no país. Guebuza devia-se preocupar em preparar um bom terreno para o futuro governante. Afinal qual é o legado que ele pretende deixar?”

Por outro lado, argumenta o porta-voz, se Guebuza tiver dado ordens para que as FADM atacassem a base da Renamo cometeu um acto igualmente grave, pois assim estaríamos diante de um flagrante atropelo à lei, uma vez que a norma jurídica estabelece que estas forças só intervêm com a ordem de Presidente da República depois de este ter ouvido o Conselho de Estado. Chalaua disse ser importante não perder de vista o facto de em Moçambique termos a Polícia que é a entidade responsável pela integridade territorial e pela segurança públicas. “Se as coisas estão a acontecer desta maneira significa que o Presidente da República também perdeu o controlo da situação,” sublinhou.

Estado devia proteger Dhlakama

Convidado a explicar o significado da extinção, agora, do AGP quando o Governo já vem “cantando” há bastante tempo que este foi integrado na Constituição da República aprovada após o referido acordo, Chalaua disse que este documento só extinguiu a partir do momento que o “Governo tentou assassinar” o líder da Renamo, um dos signatários.

“O AGP fundamenta-se com os seus obreiros que são os signatários deste acordo. Desfez-se esse acordo através desta guerra aberta contra a Renamo,”disse. O Estado, segundo explicou, contrariamente à sua tentativa de eliminar Afonso Dhlakama devia, sim, protegê-lo, uma vez que este é Conselheiro do Estado e líder de maior partido da oposição no país.

“A tentativa de eliminar o presidente da Renamo numa altura em que o diálogo parecia o único caminho para o desanuviamento do clima de tensão é sinónimo de um grande retrocesso.” Para o nosso interlocutor, o tipo de armamento usado no ataque demonstra de forma inequívoca que a intenção era matar o seu líder. “Repare que até parecia um país a atacar o outro. Carros de guerra para o presidente da oposição, numa altura que este pedia para se retirarem os militares da zona de Satundjira de modo a aliviar a circulação no troço entre Muxúnguè e o rio Save.”

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