@Verdade entrevistou uma mulher que, por conta de um deficiência física, vive há 38 anos dentro das fronteiras da residência dos seus progenitores, qual recém-nascido incapaz de se locomover por si. Delfina Sónia Domingos Pelembe anda com dificuldades, mas não é por isso que tem pavor de pôr os pés do outro lado da rua.
{youtube}WEP2OCVftVc{/youtube}
Os estranhos metem-lhe medo e a rua estreita é como um deserto. Por isso, prefere ficar na sua casa que é como um oásis no meio do nada que é a sua vida. Aprendeu a conhecer o mundo através de um rádio. O seu mundo, na verdade, é a parte de trás do quintal de casa e, principalmente, o interior desta.
Saiu uma vez. Foi ao cemitério onde o seu pai e seu irmão mais velho, o que lhe comprou o rádio, foram enterrados. Mas isso não foi no enterro de um e nem de outro. Essa saída aconteceu num dia em que a família decidiu ir visitar as campas do patriarca e do primogénito. Aquela visita libertou-a de um peso.
Para os outros era uma visita de rotina, mas para ela era como se fosse enterrar duas pessoas queridas das quais tinha de se separar porque a vida não dura para sempre.
Os progenitores, por ignorância própria do meio, aprenderam a conceber a deficiência física como uma maldição. Delfina vive num bairro há mais de 38 anos, mas só Celestina Mondlane, 70 anos de idade, é que a conhece. Os vizinhos das casas próximas, alguns há mais de 10 anos no bairro, não sabem da sua existência.
{youtube}rriYIILG2rU{/youtube}
Confira o texto na integra na edição 128 do Jornal @Verdade, no dia 25 de Março.