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Livro de Reclamações: trabalhadores do Supermercado Recheio Cash & Carry

Saudações, Jornal @Verdade. Somos trabalhadores do Supermercado Recheio Cash & Carry, sito na Rua Gago Coutinho, nº 594, no município de Maputo. Gostaríamos, através do vosso meio de comunicação, de expor uma inquietação relacionada com os maus-tratos e injustiças laborais a que estamos sujeitos.

A nossa reclamação tem a ver com os seguintes pontos: trabalhamos mal e somos forçados a executar tarefas que não têm nada a ver com as nossas funções. Trabalhamos durante vários meses sem contrato e quando os tivemos ficámos decepcionados porque não correspondiam às promessas feitas pelo patronato.

Em todos os contratos consta que os mesmos foram assinados no primeiro dia em que começámos as nossas actividades, o que não corresponde à verdade. Não sabemos em que momento aceitámos esses documentos e o pior é que os contratos de alguns colegas já estão caducados.

Nos nossos contratos está estabelecido que o horário de trabalho é das 08h:00 às 18h:00, todavia, há dias em que saímos tarde. Quando nos queixamos da inobservância desta norma somos destratados, insultados e atribuem-nos cognomes tais como “macacos, marginais e burros”.

A hora do almoço é também uma inquietação para nós porque não é cumprida. Tomamos as refeições na altura em que os gerentes acham certa. Em caso de reclamação eles perguntam se nos dirigimos aos postos para comer ou trabalhar.

E dizem, constantemente, que a partir do momento que entramos na empresa somos proibidos de reclamar, falar, opinar e até de pensar porque quem manda são eles. E se quisermos podemos queixar onde entendermos que teremos ajuda.

Os gerentes dizem que trabalhamos de segunda- feira a sábado mas isso não acontece, pois aos domingos temos estado nos nossos postos. Somente temos direito a um domingo por mês para descanso. O nosso privilégio de um dia de folga durante a semana nunca foi posto em prática desde que estamos na empresa.

Cada funcionário só tem um par de uniforme, sem o qual a ninguém é permitido estar no seu posto de trabalho. Pedimos a vossa ajuda e do Governo, principalmente do Ministério do Trabalho porque alguns colegas já foram expulsos.

Resposta

Em relação a este assunto, o @Verdade contactou o supermercado Recheio Cash & Carry, por intermédio do assessor dos Recursos Humanos, Augusto Muzamane. Este negou todas as acusações feitas pelos nossos reclamantes.

O responsável disse-nos que em nenhum momento os trabalhadores daquele estabelecimento comercial se queixaram de maus-tratos, insultos nem de quaisquer outras irregularidades. Para Augusto Muzamane, as informações segundo as quais o patronato não respeita os direitos dos seus funcionários e infringe as normas previstas na Lei n.º 23/2007 de 1 de Agosto, em vigor em Moçambique, constituem novidade.

De acordo com o nosso interlocutor, os reclamantes estão a fazer especulações de barriga cheia, uma vez que aquela instituição paga mais do que deveria em termos de salários, refeições, horas extras, inclusive pelas tarefas executadas aos fins- -de-semana. Parte dessas regalias não está prevista nos contratos do trabalho, o que significa que é uma oferta da firma.

Aliás, Augusto Muzamane fez questão de mencionar o seguinte: todos os colaboradores têm direito a 40 meticais por dia para o almoço, 100 meticais pelo trabalho feito aos sábados, 200 meticais aos domingos, para além de um salário mensal de 3.900 meticais. Portanto, é – na óptica do nosso entrevistado – tudo mentira.

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