Saudações, Jornal @Verdade. Chamo-me Maria Mateus, trabalhadora doméstica e residente na cidade de Maputo. Gostaria, através do vosso meio de comunicação, de expor uma inquietação relacionada com uma injustiça perpetrada pelos meus ex-patrões, os quais ainda não me remuneraram pelos serviços prestados. E o que mais me angustia é a humilhação e o tratamento desumano a que fui sujeita.
Quando fiquei grávida pela primeira vez os meus patrões destrataram-me como se o estado em que eu me encontrava significasse algum crime. Durante a minha gestação eles olhavam-me de forma indiferente, com desprezo e como se eu fosse um estorvo. A partir de uma certa altura, eles passaram a realizar sozinhos as tarefas que cabiam a mim como empregada daquela casa. Volvido algum tempo, os meus patrões já não me mandavam fazer nada e a convivência entre nós passou a ser difícil. Agastada com a situação, pedi a demissão porque já não fazia sentido nenhum continuar a servi-los. Exigi o meu salário correspondente a seis meses de trabalho e eles mandaram-me aguardar.
Em Moçambique as trabalhadoras domésticas não são tratadas com dignidade, são humilhadas e consideradas pessoas mentalmente atrasadas. Se os indivíduos que nos empregam nas suas casas tivessem sensibilidade, iriam tratar-nos como gentes e não como animais. Há 12 meses que estou à espera dos meus honorários mas ninguém se pronuncia em relação a esse pagamento. Não aguento mais esperar, tenho família que precisa desse dinheiro para se alimentar, por isso, exijo que os meus direitos sejam respeitados.
Resposta
Sobre este assunto, o @Verdade contactou os patrões da cidadã injustiçada por intermédio de Jorge António Bila, o qual desmentiu todas as acusações dos reclamantes. Segundo o nosso interlocutor, Maria Mateus está a faltar à verdade quando alega que foi maltratada e humilhada durante o período em que trabalhou como empregada doméstica.
Segundo Jorge Bila, a nossa reclamante é quem começou a não respeitar a família para a qual prestava serviços e não acatava as suas ordens. Ela era ociosa, estava todo o tempo a ver televisão, não sabia realizar as suas tarefas devidamente, por isso não estava em condições de continuar naquela residência supostamente porque os seus maus trabalhos colocariam em risco a saúde dos patrões.
Num outro desenvolvimento, o nosso entrevistado acusou a sua ex-empregada de ter roubado alguns bens, pese embora a visada nunca tenha assumido tal crime nem surpreendida na posse dos mesmos. Relativamente aos seis meses de salário a favor de Maria Mateus, Jorge Bila garantiu que irá honrar a dívida, mas não avançou datas. “O salário é dela e vamos pagar brevemente.”