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Rebiya Kadeer, “a filha do povo uigur”, fustigada por Pequim

Qualificando-se “filha do povo uigur”, a chinesa no exílio Rebiya Kadeer, que as autoridades de Pequim acusam de ter incitado seus simpatizantes à violência, passou seis anos de sua vida na prisão por ter defendido esta minoria chinesa muçulmana e de língua de origem turca.

Vivendo em Washington, esta ex-milionária, de 62 anos, é vista por Pequim como terrorista e separatista sem “nenhum título” para representar o povo uigur, principal minoria da região autônoma de Xinjiang (nordeste da China). Os uigures vivem “numa grande prisão e são vítimas de um genocídio cultural”, estima a sra. Kadeer, mãe de 11 filhos, citando os “abortos forçados e a esterilização”.

Segundo ela, cerca de 100.000 uigures estão na prisão por motivos políticos e religiosos. “Se a China quer tornar-se uma grande nação digna do respeito que reclama, então deverá aprender a respeitar os direitos dos que vivem sob sua autoridade”, disse. Em agosto de 2008, ela condenou o ataque contra policiais chineses que fizeram 16 mortos em Xinjiang alguns dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim.

A sra. Kadeer havia, antes, acusado o regime comunista de querer atribuir complôs terroristas à minoria uigur a fim de acentuar a repressão em Xinjiang. Desde sua libertação, há mais de quatro anos, seus problemas se multiplicaram: suas empresas faliram e seus filhos foram jogados na prisão. Último membro de sua família a ser julgado, seu filho Ablikim Abdiriyim foi condenado a nove anos de prisão em abril de 2007 por atividades “separatistas”.

Dois outros dos seus filhos foram presos por sonegação fiscal e sua filha foi colocada em prisão domiciliar em 2006. “Eles sabem que amo meus filhos, então resolveram dirigir-se a eles”, afirmou Rebiya Kadeer. A Câmara de Representantes americana votou, em setembro de 2007, uma resolução apelando Pequim a libertar os filhos da sra. Kadeer e a cessar “os atos de repressão culturais, linguísticos e religiosos dirigidos ao povo uigur”.

O presidente George W. Bush, que encontrou a sra. Kadeer em 2007, acusou Pequim de ter prendido os filhos dela por causa de sua luta em defesa dos direitos humanos. “O talento de homens e de mulheres como Rebiya é a maior riqueza de sua nação, bem mais que seu armamento ou seu petróleo”, havia declarado Bush, na época. Pequim havia qualificado essas observações de “intromissão flagrante nos assuntos internos da China”.

Nascida em 1947 de uma família pobre, a sra. Kadeer tornou-se uma rica negociante e deputada do Parlamento de Xinjiang, representando oficialmente a China durante a quarta Conferência Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres, em Pequim, em 1995. Ela também participou, em Pequim, da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), espécie de senado do regime chinês. Mas em 1996, seu marido, o ex-prisioneiro político uigur, fugiu da China para os Estados Unidos.

A sra. Kadeer foi detida em agosto de 1999, dois anos após ter sido posta sob vigilância e ter seu passaporte confiscado. Foi condenada em 2000 a oito anos de prisão por ter “transmitido segredos de Estado ao exterior”.

Segundo o seu processo, estas informações seriam, na realidade, recortes de notícias divulgadas na imprensa sobre o tratamento discriminatório dos uigures. Em março de 2004, ela teve a pena reduzida em um ano por boa conduta, tendo sido finalmente libertada em março de 2005 por motivos de saúde, e exilada depois nos Estados Unidos. “Sou livre agora e espero que meu povo o seja também um dia”, disse ela entã

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