A Universidade Politécnica acolheu, de 15 a 17 de Maio último, a sexta edição do Congresso de Psicanálise em Língua Portuguesa, uma iniciativa do Círculo Psicanalítico de Moçambique (CPM), em parceria com a Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI) e a Sociedade Portuguesa de Psicanálise (SPP).
Com o lema “Como se Fabrica a Guerra? Como se Constrói a Paz?”, o evento reuniu especialistas internacionais que debateram temas em torno das raízes psíquicas dos conflitos e os caminhos possíveis para a construção da paz. Com o objectivo de fomentar um diálogo transdisciplinar entre psicanalistas, diplomatas, artistas e académicos, o congresso analisou os mecanismos mentais que sustentam a violência estrutural e os conflitos armados, bem como estratégias clínicas e sociais para a reparação de traumas e a edificação de sociedades mais pacíficas.
Na cerimónia de abertura, o reitor da Universidade Politécnica, Narciso Matos, destacou a relevância do encontro, sobretudo no contexto moçambicano actual, marcado pela violência em Cabo Delgado, desde 2017. “Este é um tema que diz respeito ao País como um todo, e a nossa universidade, em particular, por ministrarmos curso de Psicologia. Esperamos que os nossos psicanalistas saiam deste congresso melhor preparados para contribuir para o bem estar e a construção da paz no País e no mundo”, afirmou.
A pertinência do tema foi igualmente sublinhada por Bóia Efraime, psicoterapeuta, membro da Associação Reconstruindo a Esperança e vice-presidente da comissão organizadora do evento. Para este especialista, a escolha do lema está profundamente enraizada na realidade moçambicana.
“Este congresso é um convite para, em conjunto, reflectirmos e idealizarmos uma nova utopia, que pode ser Moçambique ou qualquer outro País de língua oficial portuguesa”, considerou.
Também presente no encontro, a reitora do Instituto Superior Politécnico da Tundavala, em Angola, Margarida Ventura, considerou que o lema adoptado representa um verdadeiro contributo para a construção de um mundo sem guerras.
“Os conflitos que marcaram Angola e Moçambique deixaram cicatrizes visíveis e invisíveis em várias gerações. A guerra não é um acidente, mas um processo fabricado, a partir de momentos, narrativas e fantasias colectivas. Este congresso é, em si, um gesto de construção da paz. É preciso ouvir a guerra para conter a paz”, concluiu.